Por Getúlio Romão*
O maior e principal jornal impresso da Capital, o Correio Braziliense, anda com sérias dificuldades financeiras. Uma prova disso é que o pujante diário transferiu, nesta terça, 14, 42 debêntures na Bolsa de Valores de São Paulo para uma empresa de filhos do ex-senador Luiz Estevão, tornando-os credores da dívida, adquirida pelo valor R$83 milhões. Estevão é um dos mais bem sucedidos empresários do DF e dono do site Metrópoles.
Todo mundo lembra dos garotos que passavam na frente da sua casa gritando……. Correeeiiio…..Correeeeiiiio….. e todo mundo abria a porta para comprar seu exemplar. Era líder!
Era integrado com a comunidade, publicava tudo que acontecia em cada cidade satélite. Taguatinga foi uma das cidades mais beneficiadas, pois aqui tinha uma Sucursal com equipe completa, da qual eu fazia parte com direito a uma página diária. Fotografava tudo, isto na década de 60/70 e 80. A Sucursal foi dirigida nos anos 60 por Alberto Said Bahout Junior, que foi substituído por Fabiano de Freitas Fidelis e Jorge Pena e nos anos 80, por Maurício Seabra. Seus classificados chegavam a ter vários cadernos, dezenas de páginas. Foi um gigante, era o mais rentável do grupo Diários Associados, de Assis Chateaubriand, que em pouco tempo virou um cabide de emprego do grupo. À época, era bem dirigido pelo competente Edilson Cid Varela, Ari Cunha e outros ícones do jornalismo.
Um dia, sua direção pensou que já era grande suficiente para ser um jornal de nível nacional a exemplo de O Globo, O Estado de São Paulo, encontrados nas principais bancas de jornais do país.
Este projeto o fez abandonar a raiz, e descuidou do Distrito Federal, chegou a colocar o Correio Braziliense em bancas dos principais aeroportos e alguns pontos estratégicos de algumas capitais importantes.
Como se viu com o tempo, o projeto não o tornou o principal jornal político que tanto queriam, e descuidou do DF. Isto foi fatal. Neste meio tempo, a partir do final dos anos 90 veio a revolução digital e sacrificou sua parte mais rentável, os Classificados.
Os sites de imóveis ocuparam espaço e o pioneiro Wimóveis virou a fonte dos classificados. As poucas linhas publicadas no jornal de forma compacta foram transformadas em texto livre de até 3.000 caracteres com dezenas de fotos.
Caiu no gosto do consumidor, e os sites de imóveis viraram dezenas e acabou também com os classificados número um do Brasil, O Estado de São Paulo.
Para piorar a situação que não vinha bem, desde o início da pandemia, passou a fazer oposição ao presidente Jair Bolsonaro e integrou ao consórcio de veículos de imprensa. Por este motivo perdeu boa parte de seus assinantes.
Hoje vejo, com tristeza, que o Correio Braziliense vem passando por dificuldades. O desejo do empresário Luiz Esteves de comprar o Correio Braziliense vem de longe, e parece que ele conseguiu uma boa fatia.
Houve uma época, quando o empresário teve dificuldade com a justiça, o empresário era manchete de capa, dia sim, dia não…. bateram tanto, que o levou a prisão…… o mundo dá voltas.
*Getúlio Romão é pioneiro de Brasília, Corretor de Imóveis desde 1969 e foi fotógrafo com mais de 15 mil fotos publicadas só no Correio Braziliense.
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