O Carnaval do próximo ano é um dos assuntos prioritários em andamento na Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec), já que foi um dos setores afetados durante a pandemia de Covid-19. Há a construção de dois projetos complementares entre si nessa potente cadeia criativa: o Edital de Apoio das Atividades Carnavalescas Permanentes, que liberou R$ 3,45 milhões para que os carnavalescos retornassem as ações remotamente, e a Escola de Carnaval, com uma verba de R$ 1,5 milhão, destinado a programa de capacitação.
Em paralelo, o Fundo de Apoio à Cultura (FAC) liberou, no Edital Brasília Multicultural 1 de deste ano, R$ 6,4 milhões para o Jeito Carnavalesco, que conta com 77 projetos envolvendo atividades carnavalescas de rua e de escolas de samba. Um dos premiados será responsável por organizar o desfile das escolas de samba do ano que vem com aporte de R$ 1 milhão.
“O Carnaval é o espelho do povo e a capital federal, a confluência do país. No início desta gestão, percebemos que era preciso haver um preparo, organização ou articulação do setor para a realização dos desfiles”, explica o secretário de Cultura e Economia e Criativa, Bartolomeu Rodrigues.
Emprego e renda
No primeiro projeto, houve a geração de diversas oportunidades de emprego: 4,5 mil empregos diretos e indiretos gerados, com um apoio a 1,5 mil agentes culturais, sendo 80% de negros e, em sua maioria, de comunidades para além do Plano Piloto. São públicos específicos e, muitas vezes, vulneráveis, como o LGBTQIA+ e as mulheres.
Para o presidente da Liga Independente das Escolas de Samba do DF (Liestra), Hélio dos Santos, o resultado foi promissor. “O DF sentiu saudades desse movimentos; mesmo nas lives foi um trabalho bom. Isso permitiu que as escolas se estruturassem e promovessem performances depois de tanto tempo, levando ao mundo todo o carnaval de Brasília”, comemora ele.
Força na capacitação
Iniciada desde fevereiro, a Escola de Carnaval é um programa de projeção nacional. A medida visa promover a qualificação dos participantes e interessados das agremiações a retornarem à avenida em 2023, gerando o diálogo com o terceiro setor e agentes públicos, além de movimentar toda a cadeia carnavalesca. Para isso, o projeto conta com quatro módulos: Gestão Profissional do Carnaval, Artes Visuais, Artes Musicais e Artes da Dança.
A curadoria da Escola de Carnaval fortaleceu o projeto. O carnavalesco Milton Cunha, cenógrafo, comentarista de desfiles em diversas emissoras e pós-doutor em narrativas do Carnaval, foi o autor dessa capacitação.
“O tripé da minha curadoria é composto pela gestão administrativa, o artístico-visual e o artístico-musical. Primeiro, abordo a visão geral da escola de samba como fenômeno da modernidade, da sociedade do espetáculo. Depois vem o resgate histórico, para que figurinista, carnavalesco, projetista de alegoria e compositor saibam que o tema tem um passado. Aí, temos as aulas de croqui, risco, volumetria, ergonomia e também alegoria, com suas noções espaciais. E por último, vem a musicalidade, quando você trata de enredo, da harmonia musical”, detalha Milton Cunha.
Só na primeira etapa do projeto, foram certificadas 60 pessoas de escolas de samba e dos blocos tradicionais.
Outro ponto importante é a descentralização das atividades da Escola de Carnaval para as regiões administrativas (RAs). A curadoria separou profissionais para transmitirem esses conhecimentos em cursos ministrados gratuitamente para o público de outras RAs, como Ceilândia e Taguatinga. Já houve a formação de 150 pessoas.
Esse cronograma de ações gera novos horizontes para o Carnaval de 2023.
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