Um grupo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) já está na Jordânia. O país do Oriente Médio é o primeiro destino da comitiva para buscar fertilizantes. Liderados pelo ministro da Pasta, Marcos Montes, os brasileiros também irão ao Egito e ao Marrocos nos próximos dias.
Segundo o MAPA, nas reuniões com representantes de empresas estatais e privadas, além de promover a negociação de fertilizantes, haverá também a tentativa de expandir os financiamentos de corporações internacionais no Brasil.
As transações na Jordânia visam firmar o fornecimento de fertilizantes à base de potássio. No Egito, o foco serão os fertilizantes nitrogenados e no Marrocos, os fosfatados. Marcos Montes afirmou que a viagem também tem como propósito consolidar os insumos agropecuários nessas três nações.
Para este sábado, 7, são previstos encontros com diretorias de importantes empresas produtoras de potássio da Jordânia, como a Arab Potash Company (APC), que produz mais de 2,4 milhões de toneladas por ano, e a Jordan Phosphate Mining Company (JPMC), com capacidade de produção que ultrapassa 7 milhões de toneladas anuais. Montes também encontrará o ministro da Agricultura da Jordânia, Khaled Musa Henefat, e o ministro da Indústria, Comércio e Abastecimento, Youssef Al-Shamal.
A agenda em Cairo, capital do Egito, começará na próxima segunda, 9. O ministro brasileiro deve se reunir com o vice-ministro da Agricultura egípcio, Moustafa El Sayeed, e com o ministro do Abastecimento, Aly Al Moselhy. A comitiva brasileira participará do Fórum Brasil – Egito: Oportunidades no comércio bilateral.
O último destino da delegação do Brasil será em Marrocos na próxima quinta, 12. É aguardado uma reunião com o Ministro da Agricultura do país, Mohammed Sadiki, além de uma visita à usina de Jorf Lasfar da Companhia Office Chérifien des Phosphates (OCP), atualmente a maior fornecedora de fósforo para o território brasileiro. Marrocos é o segundo maior produtor mundial de fertilizantes fosfatados, responsável por aproximadamente 17 % da produção mundial. No ano passado, o Brasil comprou mais de US$ 1,6 bilhão em fertilizantes do país.
A guerra na Ucrânia gerou preocupação na economia mundial acerca da distribuição de fertilizante por parte dos russos, os maiores exportadores do produto no mundo. Cerca de 25% dos fertilizantes importados pelo Brasil são advindos de Moscou. Porém, na última semana, o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), disse que aproximadamente 30 navios carregados de fertilizante estavam vindo da Rússia em direção ao Brasil. De acordo com o chefe do executivo, a carga é fruto de uma negociação realizada antes do início do confronto.
Plano Nacional de Fertilizantes
Em março, o Governo Federal instituiu o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF). A meta é diminuir a dependência do Brasil das importações de fertilizantes, entretanto o documento não se concretizou devido à crise instalada pela guerra entre Rússia e Ucrânia, já que começou a ser elaborado em 2021 (agora formalizado pelo Decreto 10.991).
A meta é desenvolver um plano do setor de fertilizantes para os próximos 28 anos, incitando o progresso do agronegócio nacional, com foco nos principais segmentos da cadeia: indústria tradicional, produtores rurais, cadeias emergentes, novas tecnologias, uso de insumos minerais, inovação e sustentabilidade ambiental.
O foco é chegar a 2050 dependendo somente de 45% de importação de fertilizantes.
Segundo Paulo Afonso Romano, diretor de Infraestrutura Geocientífica do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), a Agência Nacional de Mineração e a Secretaria de Assuntos Estratégicos do governo já monitorava a situação antes da instauração da crise dos fertilizantes, e que está esclarecido que a mineração do potássio é uma questão de extrema importância à economia brasileira.
No total, o PNF tem 80 objetivos a serem concretizados até 2050, entre eles estimular o uso de técnicas inovadoras. Além disso, apresenta oportunidades em relação a produtos emergentes que podem tomar o lugar do potássio, como os remineralizadores, ou pó de rocha, como explica Paulo Afonso. “Temos os fertilizantes naturais, de rocha moída, conhecido como pó de rocha, são muito mais preparadores da condição de solo para aprimorar o uso de todos os elementos disponíveis no solo”, pontua o diretor do CPRM.
O Plano indica também outras opções como os fertilizantes organominerais e orgânicos (adubos orgânicos enriquecidos com minerais) e os subprodutos com potencial de uso agrícola, os bioinsumos e biomoléculas. Esses compõem um plano B, já que a intensificação da mineração do potássio nas jazidas brasileiras conhecidas exige tempo para preparo e investimento. Caso não haja nenhum embaraço e a exploração de potássio na Amazônia se inicie logo, haverá resultados apenas a partir de 2025. E o trabalho por lá, segundo o CPRM, começou por volta de 2009.
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