O brasileiro está engordando. Atualmente, quase seis a cada 10 brasileiros adultos estão com sobrepeso. Um balanço do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas apontou que no ano passado, 57,25% dos participantes da pesquisa Vigitel estão acima do peso. A pesquisa Vigitel é realizada anualmente, com sua primeira edição lançada em 2006, em que os brasileiros nessa condição representavam 42,74% da população.
Entre aqueles que são considerados obesos, o número praticamente dobrou em 15 anos: saltou de 11,86%, em 2006, para 22,35% da população, em 2021. Para a endocrinologista Andressa Heimbecher, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia de São Paulo, estar acima do peso é apenas a ponta do iceberg. “O problema da mudança de peso é que ele vem, quase sempre, acompanhado de uma situação chamada de síndrome metabólica”, explica.
A síndrome metabólica resulta na retenção de gordura abdominal, eleva os níveis de triglicerídeos, intensificando as chances de infartos, diabetes e inflamações do fígado. “Além da própria sobrecarga em si que resulta em problemas articulares”, complementa a endocrinologista.
Diabetes
A quantidade de pessoas com diabetes também cresceu significativamente. Hoje, 9,14% dos brasileiros são diabéticos. Antes do começo da crise sanitária mundial de Covid-19, o índice era 2 pontos porcentuais menor. “Não foi só a Covid-19, mudanças de hábitos alimentares e o sedentarismo impulsionaram esse cenário”, pontua a médica. Em 2006, 5,66% da população tinha diabetes.
“O diabético custa muito para o sistema de saúde.”, observa Andressa Heimbecher. Dados do Ministério da Saúde indicaram que, em 2019, ao quantidade de hospitalizações por diabetes foi 136 mil, gerando um custo de R$ 98 milhões de reais.
Segurança alimentar
Para a nutricionista Camila Araújo, especialista em segurança alimentar, os índices de sobrepeso e obesidade já eram agurados diante do cenário atual. “A rotina corriqueira faz com que as pessoas não tenham tempo disponível para se dedicarem a uma alimentação saudável. Isso tem feito elas buscarem opções mais rápidas”, ressalta.
Entre as opções, muitas vezes estão os alimentos ultraprocessados como bolachas ou macarrão instantâneo.
A nutricionista sugere que “se desembale menos e se descasque mais”. Um dos indicadores da pesquisa Vigitel 2021 mostra a alteração na rotina alimentar a partir da queda no consumo do tradicional arroz com feijão: enquanto, em 2006, 70,95% dos brasileiros comiam a mistura pelo menos cinco vezes por semana; em 2021, apenas 60,42% mantêm essa rotina.
Sobre a pesquisa
Há 15 anos, a pesquisa Vigitel é um destaque sobre a saúde dos brasileiros. Nesta edição, foram entrevistadas 27.093 pessoas com 18 anos de idade ou mais entre setembro de 2021 e fevereiro de 2022. O levantamento foi realizado via telefone e juntou 40 variáveis para levantar informações sobre hábitos alimentares, prática de atividade física, presença de doenças crônicas como hipertensão, diabetes e obesidade.
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