Os reflexos da guerra na Ucrânia já impactam o Oriente Médio e o Norte de África e continuarão a se espalhar rapidamente, alertou nesta quinta, 17, o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (Fida) das Nações Unidas.
O encarecimento dos alimentos e a escassez de culturas resultantes do conflito estão atingindo o Oriente Médio e o Norte da África. Além disso, outras regiões mundiais vulneráveis, incluindo o Chifre da África, onde as pessoas mais pobres estão em maior risco, também estão sofrendo com a situação, segundo a agência da Organização das Nações Unidas (ONU), sediada em Roma.
“Um quarto das exportações globais de trigo é advinda da Rússia e da Ucrânia” e “40% do trigo e do milho da Ucrânia são encaminhados ao Oriente Médio e à África, que já se debatem com infortúnios de fome, e onde a escassez alimentícia ou o aumento dos preços corre o risco de empurrar milhões de pessoas para a pobreza extrema”, afirma a agência.
A Rússia é o maior produtor mundial de fertilizantes, e mesmo no período que antecede a guerra, os picos de preços em 2021 contribuíram para o aumento nos preços dos alimentos em aproximadamente 30%.
O presidente da agência, Gilbert F. Houngbo, notou que na Somália, onde se prevê que 3,8 milhões de pessoas já estão em grave insegurança alimentar, os custos de eletricidade e dos transportes aumentaram diante da elevação dos preços dos combustíveis.
No Egito, os valores do trigo e do óleo de girassol subiram por causa da dependência do país em relação à Rússia e à Ucrânia para 85% do seu abastecimento de trigo e 73% do seu óleo de girassol.
No Líbano, 22% das famílias estão passando fome e a escassez de alimentos ou novos aumentos de preços irá desencadear um quadro desesperador. O país compra até 80% do seu trigo da Rússia e da Ucrânia, porém só pode manter armazenado cerca de um mês de colheita de cada vez, devido à explosão no porto de Beirute em 2020, que destruiu os principais silos de cereais do país.
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