Brasil busca outras fontes de obter fetilizantes diante da guerra entre Rússia e Ucrânia

Lavoura de trigo no município de Ibirapuitã, RS

Uma nova forma de produção de fertilizante ecológico à base de casca de ovos, criada pelo pesquisador Roger Borges na Universidade Federal do Paraná (UFPR), poderá ajudar na diminuição da taxa de importação de adubos e fertilizantes químicos pelo Brasil que, em 2021, somou US$ 15,2 bilhões, um aumento de 90% em relação a 2020.

Informações da balança comercial brasileira, da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), indicam que os fertilizantes lideram o ranking de insumos mais importados pelo país, na indústria de transformação. O Brasil comprou 41,5 milhões de toneladas de fertilizantes, com expansão de 22%.

Atualmente, o pesquisador que atua na Embrapa Instrumentação explicou que a técnica foi desenvolvida a partir da utilização de telha de amianto para produzir fertilizante ecológico. “Usamos resíduos que são descartados como as cascas de ovos, ricas em cálcio, ou amianto, que é um resíduo tóxico”. Sabendo das propriedades dos componentes químicos da casca de ovo, os pesquisadores da UFPR decidiram tentar fabricar um fertilizante não prejudicial ao meio ambiente e que, ao mesmo tempo, fosse benéfico para a agricultura.

A iniciativa foi desenvolvida no Laboratório de Química de Materiais Avançados (Laqma) da UFPR. A técnica utiliza um processo de moagem mecanoquímico, que consiste na utilização de materiais que reajam para criar novos produtos por meio da energia térmica e de fricção da própria moagem. A casca do ovo é colocada em um moinho de esferas de alta energia, juntamente com fosfatos de potássio, que reagem para formar novos compostos capazes de serem fontes de fósforo, cálcio e potássio, três componentes essenciais para o desenvolvimento das lavouras, informou a universidade.

Mistura
A forma industrial idealizada pelos estudiosos para fabricar fertilizante ecológico é usar mais de um componente. “A composição principal, tanto do amianto, quanto da casca de ovos, é carbonato de cálcio (CaCO3)”, explicou Borges. O novo fertilizante ecológico irá misturar casca de ovos com amianto e outros elementos, como fosfato de potássio. “Teremos um produto que poderá ser usado e não contém nenhum perigo, igual ao feito com amianto, por exemplo”. Para que o amianto seja utilizado sem mistura, deverá passar por tratamento de moagem.

O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) recebeu dois pedidos de patentes que reúnem o tratamento do amianto e da casca de ovos para a produção de fertilizantes ecológicos.

Segundo Roger Borges, o novo fertilizante usa menor quantidade do produto e assegura a mesma produção agrícola, em comparativo com o insumo tradicional.

De acordo com os pesquisadores é possível transformar o amianto, um rejeito tóxico, em um subproduto, depois que ele é tratado. Enquanto a casca de ovos é caracterizada como um resíduo. Apesar de não ser considerada um perigo, o material pode ser direcionado para a fabricação de um subproduto.

FONTE: EBC

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