A ciência está descobrindo que a exposição a produtos comuns utilizados no dia a dia podem gerar alterações no funcionamento do corpo. Esses problemas são chamados de disruptores endócrinos.
Os disruptores, ou desreguladores endócrinos, são agentes e substâncias químicas, orgânicas e inorgânicas, capazes de modificar o funcionamento do sistema endócrino. Podem causar efeitos adversos no desenvolvimento, na reprodução e em funções neurológicas e imunológicas dos seres vivos.
Além disso, também são capazes de trazer problemas na produção, na liberação, no metabolismo ou na eliminação dos hormônios do corpo humano. Como consequência, os disruptores endócrinos alteram efetivamente as funções endócrinas, permitindo o surgimento de diversas doenças ou até de patologias ainda não compreendidas pela ciência.
Até os níveis baixos de exposição podem provocar anormalidades no sistema hormonal e reprodutivo, entretanto, os efeitos adversos oscilam conforme a fase em que a pessoa é exposta. Acredita-se que o maior impacto dos disruptores ocorra na fase perinatal, na infância e na adolescência, fases em que as alterações metabólicas são mais expressivas.
“Os disruptores endócrinos são um risco à saúde pública, já que estas substâncias exógenas podem se acumular nos seres vivos, podem ser secretadas pelo do leite materno, ultrapassar a barreira placentária de gestantes e causar danos nas próximas gerações.”, aponta a Endocrine Society em um guia de Conscientização Global sobre a ação dos disruptores endócrinos.
Exposição aos disruptores endócrinos
Todos os dias, o organismo é exposto à ação de desreguladores endócrinos, seja pela ingestão de alimentos ou pelo contato com água, solo e ar contaminados.
Todavia, considerando que diversos compostos sintéticos são originários de diferentes tipos de indústrias, a exposição também pode ocorrer pelo contato dérmico com produtos contaminados, como materiais de construção, garrafas plásticas, entre outros.
Existem milhares de insumos capazes de afetar o sistema endócrino, desde substâncias sintéticas a substâncias naturais. Segundo Isabella Albuquerque, ginecologista da Pineapple Medicina Integrada, algumas dessas substâncias incluem pesticidas, ftalatos, substâncias farmacêuticas, entre outros.
Como os disruptores endócrinos agem no organismo?
Cada disruptor endócrino pode ter uma ação diferente no organismo. Segundo Albuquerque, eles podem interferir na síntese, na secreção, no transporte, na ligação, na ação ou na eliminação de hormônio natural do corpo. Consequentemente, podem alterar diversas funções endócrinas que regem nossos sistemas orgânicos.
“Os disruptores agem por mecanismos fisiológicos, impedindo a ação natural dos hormônios, fazendo-se passar por um hormônio, ou seja, mimetizando a ação hormonal, levando a consequências sérias, como o aumento ou diminuição da quantidade que seria ideal.”, explica a ginecologista.
Estima-se que em torno de 24% das doenças e distúrbios humanos são atribuíveis a fatores ambientais, assim como em 80% das doenças mais graves, tais como doenças cardiovasculares, respiratórias e câncer, acrescenta Iaconelli.
Complicações causadas pela exposição aos disruptores endócrinos
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), há indícios de que a exposição a esses desreguladores ao longo do tempo aumenta a probabilidade do desenvolvimento de algumas doenças. As mais comuns incluem alterações neurológicas e na tireoide, câncer de mama, câncer de testículo e de próstata, TDAH, mal de Parkinson, entre outros.
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