A poucos dias de deixar o cargo, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, retirou Cuba da lista de países que supostamente patrocinam o terrorismo e suspendeu temporariamente medidas que permitiam processar lucros provenientes de propriedades expropriadas pela Revolução Cubana. As decisões, anunciadas na última segunda, 13, incluem a liberação de certas transações financeiras entre entidades estadunidenses e cubanas. Segundo a Casa Branca, as medidas estão vinculadas a um acordo entre o governo cubano e a Igreja Católica, liderado pelo Papa Francisco, que resultou na libertação de 553 presos na ilha.
Embora as mudanças representem um alívio parcial, o bloqueio econômico contra Cuba permanece em vigor. O presidente cubano, Miguel Diáz-Canel, classificou a decisão como positiva, mas destacou seu alcance limitado. “A guerra econômica e as medidas extremas que afetam a economia e a população cubana continuam. Seguiremos denunciando essa política que causa escassez e estimula a emigração”, afirmou. O Ministério das Relações Exteriores de Cuba reforçou que sanções coercitivas, como restrições financeiras e perseguição a fornecedores de combustíveis, ainda impedem a recuperação econômica do país.
Especialistas em política econômica avaliam que a flexibilização pode aliviar a crise humanitária na ilha, que perdeu 10% de sua população entre 2022 e 2023, grande parte migrando para os EUA. “Sanções econômicas prejudicam principalmente as populações dos países-alvo e impulsionam a migração. Aliviá-las é um passo para reduzir essas consequências”, disse Michael Galant, do Centro de Pesquisa Econômica e Política (Cerp).
O Itamaraty também celebrou a decisão de Biden, destacando a injustiça de manter Cuba em uma lista unilateral de terrorismo. “Cuba colabora ativamente na promoção da paz e do diálogo regional”, afirmou o governo brasileiro. Entretanto, a nova administração dos EUA, que assume em 20 de janeiro, poderá reverter as medidas.
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