PF conclui que narrativa golpista de Bolsonaro levou aos atos de 8 de janeiro e atentado com bomba no STF

A Polícia Federal (PF) concluiu que a disseminação de narrativas golpistas durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro contribuiu diretamente para a realização de atos extremistas, incluindo o atentado com um homem-bomba no Supremo Tribunal Federal (STF) em novembro de 2024 e os ataques de 8 de janeiro de 2023. De acordo com o relatório da PF, essas narrativas, que incitavam a ideia de um golpe de Estado, criaram um ambiente propício para o florescimento de um radicalismo ainda latente na sociedade. A investigação apontou que o ex-presidente Bolsonaro e seus aliados tentaram implementar o golpe, mas o plano fracassou pela falta de adesão das Forças Armadas, especialmente do Exército e da Aeronáutica.

O relatório também revela que Bolsonaro teve participação direta nos atos golpistas, sendo responsável pela articulação e execução do plano. A PF afirma que o ex-presidente esteve ciente de um esquema envolvendo um plano de sequestro ou assassinato de figuras como o ministro Alexandre de Moraes e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Além disso, o documento destaca o envolvimento de outros membros da administração, como o almirante da Marinha Almir Garnier, que teria colocado as tropas à disposição de Bolsonaro, embora o golpe não tenha sido consumado devido à falta de apoio das demais forças militares.

Em meio a esses eventos, a PF também identificou um documento manuscrito apreendido na sede do Partido Liberal (PL), onde se delineavam ações para interromper a transição de governo após as eleições de 2022. O material fazia referência à chamada “Operação 142”, que sugeria uma intervenção das Forças Armadas para impedir a posse de Lula. O documento, encontrado na mesa do assessor do general Walter Braga Netto, indicava a mobilização de juristas e formadores de opinião para dar suporte ao movimento golpista.

Com a conclusão do inquérito, o relatório foi encaminhado à Procuradoria-Geral da República (PGR), que decidirá se irá denunciar Bolsonaro e outros envolvidos ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelos crimes de tentativa de golpe de Estado e a abolição do Estado Democrático de Direito.

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