Argentina não adere à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza lançada no G20

O governo da Argentina foi o único entre os integrantes do G20 a não aderir à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, lançada nesta segunda, 18, durante a cúpula do grupo, no Rio de Janeiro. A iniciativa, liderada pelo Brasil, busca captar recursos internacionais para financiar políticas de transferência de renda em países de baixa ou média-baixa renda. Apesar de aberta a novos membros, a não adesão ocorre em meio ao aumento da pobreza na Argentina, que ultrapassou 50% da população nos primeiros seis meses do governo Javier Milei, marcado por cortes em programas de assistência alimentar.

A Aliança conta com 147 membros fundadores, incluindo 81 países, além da União Africana, União Europeia, instituições financeiras e organizações internacionais. O objetivo é beneficiar 500 milhões de pessoas com programas de transferência de renda até 2030, ampliar a distribuição de refeições escolares para 150 milhões de crianças e arrecadar bilhões em recursos por meio de bancos multilaterais para ações voltadas ao combate à fome e à pobreza. Segundo a FAO, cerca de 750 milhões de pessoas enfrentaram fome no mundo em 2023, representando uma em cada 11 pessoas.

A postura do governo argentino foi criticada indiretamente pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, que reforçou a importância do consenso entre os países do G20 para enfrentar desafios globais. “Faço um apelo para que haja espírito de consenso e bom senso, transformando esta reunião em um êxito com decisões relevantes para a ordem internacional”, declarou Guterres. Além da Aliança contra a Fome, há expectativa sobre a adesão argentina a outras propostas do Brasil, como a taxação de super-ricos e medidas contra mudanças climáticas.

A adesão à Aliança se dá por uma Declaração de Compromisso, que permite a definição de medidas personalizadas conforme as prioridades de cada membro. No lançamento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou a importância de uma abordagem global coordenada para combater a fome e a desigualdade. A expectativa é que a estrutura de governança da Aliança esteja pronta até 2025, com o Brasil liderando esforços para mobilizar a comunidade internacional em torno de um objetivo comum.

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