Especialistas esclarecem dúvidas e polêmicas sobre cirurgia bariátrica

O processo de preparação para uma cirurgia bariátrica envolve muitas dúvidas, que vão do acompanhamento nutricional ao psicológico, passando pela cardiologia e os checapes gerais necessários. “Após passar por toda a avaliação para realizar a cirurgia bariátrica e agendar a data do seu procedimento, o paciente segue para a Experiência Bariátrica do Hospital Angelina Caron (HAC). Nela, em menos de 12 horas, no dia anterior à cirurgia, o paciente passa por uma bateria de exames e recebe as orientações necessárias para o procedimento ser realizado com sucesso e segurança, com acompanhamento de uma equipe multidisciplinar”, explica o médico especialista Daniel Dantas, que coordena o setor de cirurgias bariátricas no HAC com o médico Pedro Henrique Caron. O hospital é reconhecido como centro de excelência em cirurgia metabólica e bariátrica.

A seguir, os médicos esclarecem as principais dúvidas sobre o procedimento:
A cirurgia bariátrica é indicada em quais casos? Quais são as doenças relacionadas?
Temos a indicação pelo Índice de Massa Corporal (IMC), que pode ser calculado por ferramentas simples na internet, fazendo cálculo a partir do peso e da altura, além de comorbidades associadas. Quando o IMC é acima de 40, ou acima de 35 com indicação de comorbidades, a bariátrica é indicada.

Hipertensão, colesterol alto, diabetes, gordura no fígado, artrose, hérnia de disco, apneia do sono, depressão, varizes, hemorroida, pedra na vesícula, doença de refluxo, hérnia de hiato, tudo isso pode indicar uma cirurgia bariátrica. E também pacientes com diabetes tipo 2 que não tenham boa evolução.

Quais são as principais técnicas usadas na cirurgia bariátrica?
Temos técnicas restritivas, que reduzem a quantidade de alimentação; técnicas disabsortivas, que diminuem a absorção dos alimentos ingeridos; e técnicas mistas, para diminuição da absorção e restrição da quantidade de alimento. A mais usada é a sleeve, que diminui o tamanho do estômago para cerca de 30 a 40% de capacidade. Já as técnicas disabsortivas são menos utilizadas, aplicadas em geral em pacientes que apresentam uma síndrome metabólica instalada, com doenças relacionadas.Já o bypass gástrico, bastante conhecido, é uma técnica mista, que diminui o tamanho do estômago e faz um desvio no intestino. Dessa forma, o paciente além de comer menos, absorve menos alimentos.

No HAC, utilizamos as duas técnicas: a sleeve e o bypass. Cada técnica é indicada de acordo com avaliação clínica e preferência do paciente, tendo a prevalência da opinião médica na decisão.

O que pode ser empecilho nos exames pré-operatórios para não ser autorizada a cirurgia?
O pré-operatório é composto por exames de sangue, de imagem e avaliações de especialistas: cirurgião, nutricionista, psicólogo, cardiologista e anestesista. Então é preciso ter a liberação de todos esses profissionais. Se a pessoa tiver uma doença infecciosa, isso impede a operação naquele momento. Diabetes descompensado também, típico em pessoas que passam muito tempo sem fazer exame de sangue, pois que requer tratamento antes da cirurgia. Se houver algum tumor no estômago, é preciso aguardar a biópsia para fazer a cirurgia; se houver uma úlcera gástrica ou a bactéria H. pylori, é preciso antes fazer o tratamento. O mesmo vale para problemas cardiológicos e pulmonares, para reduzir o risco de preocupações.

A gastrite pode impedir a cirurgia? É dispensável o laudo do endocrinologista?
Depende do nível de gastrite. Se for mais grave, como gastrite hemorrágica, ou associada a uma H. pylori, é preciso tratar. Se os exames laboratoriais e de imagem estiverem bons, não é obrigatório laudo de endocrinologista, a não ser que o paciente apresente uma doença hormonal importante.

Qual o tempo de validade dos exames para operação?
Os exames de sangue têm validade de seis meses, se estiverem com bons resultados. Já o exame de gravidez precisa ser feito no máximo três dias antes da cirurgia.

Quanto tempo depois da operação é possível engravidar?
Dois anos depois. Se engravidar antes disso, a mãe e o bebê correm risco. É preciso ficar bem claro que os anticoncepcionais de via oral não farão 100% de efeito nos primeiros dois anos após a cirurgia, em especial a de bypass. Então é recomendado um anticoncepcional injetável, ou DIU, adesivo, outro método que não apenas por via oral.

Quanto tempo leva para o paciente retomar a rotina?
A técnica mais indicada sempre será por vídeo, no lugar da cirurgia aberta, que exige tempo de recuperação mais longo. Tanto para trabalhar, fazer atividades físicas, quanto pelos riscos de hérnia, infecção de ferida e etc, além do aspecto estético. O paciente fica liberado para caminhar logo após a cirurgia nas duas técnicas. Esteira, bicicleta, dirigir carro, relação sexual, só 15 dias depois no caso da laparoscopia, e 30 dias na cirurgia aberta. Hidroginástica na aberta só 45 dias depois e academia após 60 dias com uso de cinta, para evitar formação de hérnia. Mas na cirurgia por vídeo, com 30 dias já é possível retomar a academia. Já o retorno ao trabalho depende das condições. Se o trabalho exige força, pode levar até 60 dias na cirurgia aberta.

Como são o acompanhamento e a alimentação pós cirúrgica?
A obesidade é uma doença crônica e toda doença crônica não tem cura, e sim controle. Se o paciente der condições para ela voltar, ela volta, seja comendo errado, com sedentarismo ou outros maus hábitos. É uma doença multifatorial: ingestão calórica, genética, psicológica, são muitos fatores que levam ao ganho de peso. As questões nutricional e psicológica são fundamentais no pós-operatório, e muitas vezes são abandonadas. A dieta é líquida nos primeiros 15 dias, depois são 15 dias de dieta pastosa, e quando completar 30 dias é preciso nova consulta com a nutricionista para ela passar uma dieta branda, até chegar na dieta livre. Quem define o que cada paciente pode comer é o nutricionista, não existe uma mesma receita para todos. O profissional considera o balanço energético para que o paciente tenha o melhor resultado.

Qual a previsão para perda de peso?
A perda estimada no primeiro mês é de 10%. Até o terceiro mês, o paciente perde 20% do peso total. A perda de peso pode se dar durante um ano e meio ou dois anos, sendo que no bypass é de 30 a 40% do peso total, e na aberta de 20 a 30%. Os três primeiros meses são os de maior perda de peso, mas depois o processo continua por um tempo.

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