A Organização Mundial do AVC (WSO) afirma que um em cada quatro adultos sofrerá um acidente vascular cerebral, também chamado de derrame, durante a vida. Ele acontece quando o suprimento de sangue para o cérebro é interrompido, resultando em danos temporários ou permanentes às células cerebrais. Uma pessoa pode se recuperar de um Acidente Vascular Cerebral, mas aqueles que não se recuperam sofrem sequelas ou, na pior das hipóteses, morrem. O AVC é a causa número um de incapacidades e, também, é a segunda maior causa de morte por doença, estimando-se 6,5 milhões de mortes a cada ano no mundo.
De acordo com informações divulgadas pela Rede Brasil AVC, somente no mês de julho de 2022, o AVC matou 8.758 brasileiros, o equivalente a 11 óbitos por hora, segundo dados do Portal de Transparência dos Cartórios de Registro Civil do Brasil. No primeiro semestre deste ano, foram 56.320 vítimas fatais, número acima das mortes por infarto (52.665) e Covid-19 (48.865).
Em 2022, o tema da campanha mundial de conscientização é: Minutos podem salvar (sua independência, sua vida, seu amor, suas memórias, sua mobilidade, etc.). O neurologista do hospital Mater Dei Santa Genoveva, em Uberlândia, Matheus Ferreira Gomes, alerta que as doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, respectivamente, estão em primeiro e segundo lugar dentre aquelas que mais levam ao óbito no mundo. “Um diagnóstico precoce e preciso pode mudar esse desfecho. As campanhas de conscientização são de extrema importância para que os pacientes procurem auxílio médico, tão logo identifiquem sintomas”.
“Conhecer os sinais do AVC é fundamental. Minutos podem salvar a vida, fala, mobilidade e independência do paciente. Os sintomas podem se apresentar ao mesmo tempo ou isoladamente, como: perda de força e/ou sensibilidade, perda da visão, alteração da fala, dificuldade de coordenação motora, dor de cabeça intensa, tontura/desequilíbrio. Ao perceber os sintomas, deve-se procurar um serviço médico com urgência”, explica Matheus.
O atendimento rápido, nos casos de AVC, pode fazer total diferença na recuperação do paciente, reduzindo possíveis sequelas. “Assim que o paciente chega ao hospital, o paciente deve passar pela triagem com enfermeiro que, de acordo com a queixa do paciente, iniciará o Protocolo de AVC. O médico de plantão será imediatamente acionado para conferir tempo dos sintomas, chamar o neurologista de sobreaviso, solicitar imagem do encéfalo e exames de laboratório, enquanto a equipe de enfermagem instala monitorização e dois acessos venosos. Imediatamente após o paciente realizar imagem, define-se a abordagem médica direcionada (diferente nos casos de isquemia e hemorragia), e o paciente segue com internação e cuidados específicos”, esclarece Matheus.
Fatores de Risco
A prevenção do AVC é baseada nos fatores de risco, sendo os principais: hipertensão arterial sistêmica, aumento de gordura no sangue, tabagismo e diabetes. Portanto, a prática de exercício físico regular, dieta balanceada, não fumar/cessar tabagismo, são medidas básicas e que podem ajudar substancialmente.
Tipos de AVC e Tratamentos
O Acidente Vascular Cerebral pode ser dividido em dois tipos: isquêmico, quando há o entupimento de um vaso que leva a um infarto encefálico; e hemorrágico quando há rompimento de um vaso com consequente extravasamento de sangue. Então, o tratamento depende do tipo de AVC. “Em comum aos tipos isquêmico e hemorrágico, recomenda-se internação em unidade de tratamento intensivo (UTI) e monitorização contínua dos sinais vitais. Para o AVC isquêmico, caso o paciente chegue em tempo e não tenha contraindicações, pode-se lançar mão de intervenção medicamentosa, com trombolítico (medicamento que vai desentupir o vaso), e/ou mecânica, via trombectomia endovascular. Para o AVC hemorrágico, faz-se necessária uma avaliação para considerar drenagem cirúrgica/correção de aneurisma roto, se for essa a causa”, explica Matheus.
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