Obesidade tem aumentado incidência de câncer entre jovens e adultos

Uma pesquisa recente, publicada no ACS Journals, aponta que os diagnósticos de câncer em pessoas entre 15 e 39 anos estão aumentando nos Estados Unidos. Os autores analisaram a incidência e a mortalidade por câncer por faixa etária (15-19, 20-29 e 30-29 anos), sexo e raça/etnia entre 2007 e 2016.

Segundo o estudo, os diagnósticos aumentaram em todas as faixas etárias, em grande parte devido ao câncer de tireoide, que cresce 3% anualmente entre pessoas com 20 a 39 anos e 4% na população entre 15 e 19 anos.

A incidência de casos também aumentou na maioria das faixas etárias para vários cânceres associados à obesidade, como câncer no rim (3% ao ano em todas as faixas etárias), no corpo uterino (3% ao ano no grupo de 20 a 39 anos) e colorretal (de 0,9% a 1,5% ao ano, no grupo de 20 a 39 anos). Em relação ao melanoma, as taxas caíram no grupo de 15 a 29 anos, mas permaneceram estáveis entre aqueles com 30 a 39 anos.

Mas, os casos de mortalidade diminuíram 1% ao ano de 2008 a 2017, segundo o estudo, em todas as faixas etárias e sexos. A única exceção é o grupo de mulheres entre 30 e 39 anos, cujas taxas permaneceram estáveis. Já as taxas de mortalidade por câncer de colo e corpo uterino neste mesmo grupo aumentaram, refletindo as tendências de aumento de casos.

Dados do Brasil
No Brasil, também é observada uma tendência de aumento nos casos de câncer em adolescentes e jovens adultos. Segundo um estudo epidemiológico desenvolvido pelo Observatório de Oncologia, realizado a partir de bases de dados do DATASUS e do Instituto Nacional do Câncer (INCA), houve um aumento das taxas de incidência e de mortalidade por câncer na população com menos de 50 anos.

Um balanço de 2019 mostrou que na população entre 20 e 49 anos, houve um aumento médio de 3,4% ao ano para câncer colorretal, de 5,2% para câncer de próstata e 8,8% para câncer de tireoide.

Já em relação à mortalidade por câncer entre pessoas com 20 a 49 anos, houve um aumento médio anual de 0,8% para todas as neoplasias, 1,2% para o câncer de boca, 3,2% para o câncer colorretal, 2,5% para o câncer de mama, 1% para o câncer de colo do útero, 4,2% para o câncer de corpo de útero, 2,6% para o câncer de ovário, 1,4% para o câncer do sistema nervoso central e 0,9% para o linfoma-não Hodgkin.

Fatores de risco
Tanto o estudo estadunidense quanto o brasileiro citam a obesidade como um dos fatores que podem estar por trás do aumento nos casos de câncer em adolescentes e jovens adultos. A oncologista Andréia Melo, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), explica que isso acontece porque a condição causa alterações metabólicas no organismo.

“A obesidade está ligada a essas mudanças metabólicas, hormonais e pró-inflamatórias que podem levar ao desenvolvimento de câncer”, afirma a especialista. “Esse estado inflamatório é, atualmente, listado como um dos principais fatores para o câncer e, por isso, devemos priorizar uma dieta saudável, consumir menos gorduras e carboidratos simples”, complementa.

Mas, o sobrepeso e a obesidade não são os únicos prováveis motivos para o crescimento da incidência de câncer em pessoas abaixo dos 50 anos. O estilo de vida pouco saudável no geral, aliado ao tabagismo e ao consumo abusivo de álcool, também é um fator de risco.

“No cigarro, há uma centena de substâncias carcinogênicas que passam pelas vias aéreas e chegam aos pulmões, podendo causar câncer de cabeça e pescoço e câncer no pulmão”, esclarece Andréia Melo. “Além disso, o tabagismo também tem relação com outros tumores, como câncer de bexiga, pâncreas, esôfago, rins, estômago, cólon, fígado, entre outros, porque aumenta esse risco”, explica.

A oncologista explica que o álcool possui esse mesmo risco, já que também gera processos inflamatórios no organismo. A ameaça é potencializada ainda mais quando o tabagismo é associado às bebidas alcoólicas.

“O aumento nos casos de neoplasias na população mais jovem tem relação com esse comportamento, esses fatores relacionados à má alimentação, ao consumo de tabaco e álcool e ao sedentarismo”, considera Andréia Melo.

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