
Um dia após o pedido de urgência para o Projeto de Lei que prevê anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro ser protocolado na Câmara dos Deputados, o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que cabe ao colégio de líderes definir o que será levado ao plenário. De acordo com o parlamentar, é preciso responsabilidade com os cargos públicos e atenção aos riscos que determinadas pautas representam à estabilidade institucional do país. “Em uma democracia, ninguém tem o direito de decidir nada sozinho”, escreveu nas redes sociais.
O pedido de urgência foi apresentado pelo líder do Partido Liberal (PL), Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), com apoio de 264 deputados — mais da metade da Câmara —, incluindo nomes da base governista. O partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de liderar o movimento golpista, utilizou uma brecha do regimento interno para protocolar o pedido sem o aval do colégio de líderes. Ainda nessa segunda, 14, Sóstenes pressionava Motta a pautar o tema e afirmou que o presidente da Câmara deve “cumprir a palavra” e respeitar os deputados. Questionado sobre a fala de Motta, o líder do PL disse que “não comenta postagens em rede social”.
A proposta de anistia enfrenta forte resistência entre deputados da base do governo. De acordo com o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), o projeto, se aprovado, tende a favorecer diretamente Bolsonaro e os generais investigados por planejar e executar uma tentativa de golpe de Estado. A Polícia Militar ainda acompanha a tramitação do tema no Congresso por causa das possíveis manifestações que ele pode gerar. A vítima da tentativa de golpe, segundo as investigações da Polícia Federal, seria a própria democracia, já que a denúncia aponta até planos de assassinato contra o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes. A votação da urgência depende agora da decisão do presidente da Casa.
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