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A cidade de Goma, na República Democrática do Congo (RDC), vive uma situação humanitária crítica após ser tomada pelo grupo rebelde Movimento 23 de Março (M23) desde a última segunda, 27. O coordenador da Organização das Nações Unidas (ONU) no país, Bruno Lemarquis, alertou que a capital da província de Kivu do Norte enfrenta um cenário “extremamente grave”, com hospitais sobrecarregados e escassez de suprimentos essenciais. Entre os dias 23 e 28 de janeiro, mais de mil feridos foram atendidos em unidades médicas apoiadas por organizações como Médicos Sem Fronteiras (MSF) e Cruz Vermelha. Além disso, necrotérios lotados e corpos abandonados nas ruas agravam os riscos sanitários.
A crise se intensifica com o saque a centros de saúde e armazéns de organizações humanitárias, comprometendo a distribuição de alimentos, medicamentos e equipamentos médicos. Os serviços básicos também foram interrompidos, incluindo o fornecimento de eletricidade e água potável, forçando a população a buscar água diretamente do Lago Kivu, o que eleva o risco de surtos de doenças como a cólera. Lemarquis pediu urgência na retomada das operações do aeroporto internacional de Goma, atualmente sob controle do M23, para facilitar a resposta humanitária e o envio de suprimentos.
O conflito no leste da RDC se arrasta desde 1998, envolvendo milícias e o Exército, mesmo com a presença da missão de manutenção de paz da ONU (Monusco). A atividade do M23 se intensificou em 2021, levando a avanços militares significativos até a conquista de Goma, cidade com cerca de 2 milhões de habitantes. Diante da gravidade da situação, Lemarquis fez um apelo à comunidade internacional para que intervenha e garanta a proteção dos civis, além do respeito ao direito humanitário internacional.
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