A recente queda do presidente Bashar al-Assad na Síria representa um marco significativo na geopolítica do Oriente Médio, especialmente para o Eixo da Resistência, aliança anti-Israel liderada pelo Irã. Abbas Araghchi, chefe da diplomacia iraniana, reconheceu que a ausência de Assad impactará a aliança, que inclui grupos como o Hezbollah, Hamas e milícias no Iraque e na Síria. Durante entrevista transmitida pela televisão, Araghchi destacou que a Síria era um membro-chave do bloco, desempenhando um papel vital no apoio aos palestinos e no confronto com Israel.
O anúncio da saída de Assad ocorreu após 12 dias de intensos combates conduzidos pela Organização de Libertação do Levante e outras fações apoiadas pela Turquia, que declararam Damasco “livre” do regime. Assad, no poder por 24 anos, asilou-se na Rússia, marcando o fim de décadas de controle da família Assad, que governava o país desde o golpe de 1970 liderado por Hafez al-Assad. O partido Baath, associado ao clã, foi símbolo de repressão para muitos sírios.
Apesar do golpe sofrido, o Irã afirma que a resistência seguirá adiante. Segundo Araghchi, o Hezbollah dispõe de recursos suficientes para se manter ativo nos próximos anos. A declaração reflete a tentativa de Teerã de assegurar aos aliados e adversários que, mesmo sem Assad, o Eixo da Resistência continuará buscando formas de operar na região.
O líder supremo iraniano, Ali Khamenei, deverá abordar a situação em discurso previsto para a próxima quarta, 11, em Teerã. Durante o evento, ele discutirá os desdobramentos da queda de Assad e seus impactos regionais. A comunidade internacional reage de forma mista à mudança de poder: Rússia e China expressaram preocupação, enquanto países ocidentais e árabes comemoraram a saída de Assad, vendo na queda do regime uma oportunidade para o futuro da Síria.
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