Um estudo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) revela que 77% das famílias brasileiras estão endividadas, seja com contas em atraso ou financiamentos imobiliários, representando um aumento de 1,45 milhão de novas famílias em situação de endividamento nos últimos dois anos. A pesquisa, realizada em julho com 18 mil famílias nas 27 capitais, aponta que 29% das famílias têm contas em atraso, e 13% afirmam não ter condições de quitar suas dívidas.
As capitais com maior número de famílias endividadas incluem São Paulo, com 2,88 milhões, e Rio de Janeiro, com 2,02 milhões. Em termos proporcionais, Porto Alegre e Vitória lideram o índice, com 91% das famílias endividadas, seguidas de Belo Horizonte, Boa Vista e Curitiba, cada uma com 90%. As capitais que apresentam menores percentuais de endividamento incluem Campo Grande e Salvador (66%) e Goiânia e Macapá (68%).
Em quatro capitais, o percentual de famílias endividadas aumentou em 2024 em relação a 2022. Teresina, por exemplo, viu o índice subir de 61% para 86%. Em contrapartida, cidades como São Paulo e Rio Branco registraram queda no endividamento familiar. Segundo a FecomercioSP, essas variações refletem diferenças econômicas regionais, como inflação e taxas de juros, que afetam o custo do crédito e o risco de inadimplência em cenários de pressão inflacionária.
O economista Fábio Pina, da FecomercioSP, destaca que, embora o nível de endividamento esteja acima da média histórica, o aquecimento do mercado de trabalho e o aumento da renda permitem que as famílias possam organizar melhor suas finanças. “Não antevejo um solavanco, mas uma desaceleração gradual da economia no próximo ano, o que dá tempo para ajustes tanto no setor privado quanto por parte do governo”, explicou Pina, ressaltando a importância de equilibrar o incentivo ao consumo com medidas que protejam o orçamento familiar, especialmente das famílias mais vulneráveis.
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