Centenas de moradores de um subúrbio de Valência, na Espanha, especialmente atingido pelas inundações mortais da semana passada protestaram no domingo, 3, durante uma visita do rei Felipe VI e do primeiro-ministro Pedro Sanchez. Alguns manifestantes jogaram lama neles.
Enquanto gritavam “assassinos, assassinos!”, eles expressavam a raiva acumulada sobre o que foi visto pelos moradores locais como alertas tardios das autoridades sobre os perigos da tempestade e da inundação de terça-feira na região de Valência, além da resposta atrasada dos serviços de emergência quando o desastre ocorreu.
“Era sabido e ninguém fez nada para evitar”, disse um jovem ao rei, que insistiu em permanecer para falar com as pessoas apesar do tumulto, enquanto o primeiro-ministro havia se retirado.
Em um momento da visita ao subúrbio afetado de Paiporta, Felipe segurou um homem que chorava em seu ombro.
O governo central disse que a emissão de alertas à população é responsabilidade das autoridades regionais. As autoridades de Valência disseram que agiram da melhor forma possível com as informações disponíveis.
Sanchez disse no sábado que qualquer possível negligência seria investigada posteriormente.
O número de mortos em uma das piores inundações súbitas na história moderna do país chegou a 217 no domingo – quase todos na região de Valência e mais de 60 deles apenas em Paiporta.
Dezenas de pessoas ainda estavam desaparecidas, enquanto cerca de três mil residências continuavam sem eletricidade, segundo as autoridades.
Milhares de soldados e policiais extras se juntaram ao esforço de ajuda humanitária durante o fim de semana, na maior operação do tipo em tempo de paz na Espanha.
As inundações engoliram ruas e andares inferiores de edifícios e arrastaram carros e pedaços de alvenaria em marés de lama.
A tragédia já é o pior desastre relacionado a inundações em um único país na Europa desde 1967, quando pelo menos 500 pessoas morreram em Portugal.
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