Seca reduz produtividade da cana e força estratégias de colheita antecipada

A produtividade da cana-de-açúcar na região Centro-Sul do Brasil registrou uma queda significativa, segundo levantamento da empresa Centro de Tecnologia Canavieira (CTC). Em setembro de 2024, a produtividade média foi de 69,7 toneladas por hectare (t/ha), enquanto no mesmo mês de 2023 havia atingido 83,4 t/ha. A União da Indústria de Cana-de-açúcar e Biotecnologia (UNICA) relatou que, em resposta à seca, muitas usinas optaram por antecipar a colheita, com 12 unidades já encerrando a moagem até outubro, um aumento em comparação com o mesmo período da safra passada, quando apenas quatro usinas haviam concluído a operação.

Apesar da queda na produtividade, a qualidade da matéria-prima apresentou leve aumento, com o Açúcar Total Recuperável (ATR) atingindo 136,71 kg por tonelada de cana em 2024. Para as unidades da UNICA, o ATR chegou a 160,3 kg/t, uma alta de 6,98% em relação à safra anterior. Essa adaptação tem sido uma resposta ao cenário crítico de seca, considerado um dos mais severos desde 1934. Maximiliano Salles Scarpari, pesquisador do Instituto Agronômico (IAC), destaca que a antecipação na colheita e o rendimento mais concentrado têm favorecido as usinas a minimizarem os impactos do déficit hídrico, que já se prolonga desde 2023.

Estratégias como irrigação de salvamento e irrigação deficitária também têm sido recomendadas por especialistas, especialmente nas regiões de cerrado, onde a seca comprometeu seriamente o rendimento. Vinicius Bufon, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, explica que esses métodos podem mitigar a falta de chuva em áreas mais críticas, mantendo o potencial produtivo. Contudo, a aplicação da irrigação depende de outorgas de uso de água, que têm sido restritas em estados como São Paulo, priorizando o abastecimento urbano.

As adversidades climáticas e a necessidade de adaptação impulsionam discussões sobre o uso de tecnologias e políticas públicas que ofereçam segurança para investimentos no setor sucroenergético. A Embrapa e outros especialistas apontam que o Brasil possui potencial e recursos técnicos para suprir a crescente demanda mundial por biocombustíveis e segurança alimentar. No entanto, destacam a necessidade de financiamento adequado e políticas que incentivem práticas sustentáveis e inovadoras para assegurar a continuidade e competitividade da produção de cana-de-açúcar.

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