A Polícia Federal (PF) concluiu que o ex-presidente Jair Bolsonaro participou no desvio ou tentativa de desvio de mais de R$ 6,8 milhões em presentes recebidos de países estrangeiros, como esculturas, joias e relógios. O valor inicial mencionado no relatório da PF era de R$ 25 milhões, mas a própria polícia corrigiu o valor posteriormente. A investigação revelou uma associação criminosa dedicada a desviar e vender esses objetos, com o dinheiro sendo convertido em espécie e integrado ao patrimônio pessoal de Bolsonaro por meio de intermediários, sem uso do sistema bancário formal.
Bolsonaro e mais 11 pessoas foram indiciadas na semana passada pelos crimes de peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro. O relatório, que foi entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF) na última sexta, 5, teve seu sigilo derrubado nesta segunda, 8, pelo ministro Alexandre de Moraes. A Procuradoria-Geral da República (PGR) agora analisará o caso para decidir sobre a apresentação de denúncia ou solicitação de novas provas. O documento da PF detalha a atuação da associação criminosa e os valores desviados, que somam US$ 1,2 milhão ou R$ 6,8 milhões após a correção.
As investigações contaram com a colaboração do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que fechou um acordo de colaboração premiada. Cid revelou, por exemplo, que seu pai, general Mauro Lorena Cid, intermediou a entrega de US$ 68 mil a Bolsonaro. Além disso, foram anexados aos autos comprovantes de saques bancários no Brasil e nos EUA, além de planilhas mantidas por Marcelo Câmara, assessor responsável pela contabilidade pessoal de Bolsonaro. A PF concluiu que parte do dinheiro desviado pode ter sido utilizada para custear a estadia de Bolsonaro nos Estados Unidos, onde permaneceu por mais de três meses após deixar a presidência.
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