CPI na Câmara Legislativa diz que Bolsonaro não tentou golpe de Estado

Na reunião ordinária desta quarta, 29, após mais de 9 meses de CPI dos Atos Antidemocráticos, o deputado Hermeto leu seu relatório final. O parlamentar já havia declarado que indiciaria apenas envolvidos cuja participação pudesse ser comprovada objetivamente por meio dos documentos e provas obtidas pela comissão ao longo do processo. No entanto, alguns nomes politicamente relevantes constam do documento, mesmo que não tenham sido indiciados.

Um dos mencionados pelo relator é o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, que esteve no centro dos embates entre os distritais ao longo de toda a CPI por conta de sua postura após os resultados da última eleição presidencial. Deputados ligados à esquerda, como Fábio Félix (Psol), Gabriel Magno (PT) e Max Maciel (Psol), acusaram o ex-chefe do executivo de ser um dos principais responsáveis pelos ataques de12/12 e 8/1, por não reconhecer o resultado das urnas e por colocar em cheque a lisura do processo eleitoral.

Já parlamentares como os deputados Thiago Manzoni (PL) e Pastor Daniel de Castro (PP) foram sempre na linha contrária, declarando que os criminosos que depredaram os prédios públicos agiram por conta própria.

O documento apresentado por Hermeto diz não haver indícios fáticos da participação de Bolsonaro na execução ou planejamento dos ataques. “Não foram produzidas, durante os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito, evidências sólidas ou informações concretas que apoiem a alegação de que o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro tenha planejado ou executado, no que se refere aos atos do dia 8 de janeiro de 2023, um golpe de Estado no Brasil. Questões afetas a esse tipo de discussão precisam ser tratadas com ceticismo e baseadas em informações verificáveis, de forma que se evite a propagação de teorias da conspiração” afirma a peça.

O mesmo relatório, porém, afirma que os ataques que o ex-mandatário fazia às urnas eletrônicas produziu em seus eleitores “uma visão simplificada da realidade política criada, em parte, pela desinformação”. Hermeto cita na peça episódios em que Bolsonaro teria criado narrativas distorcidas para descredibilizar o sistema eleitoral. Um desses momentos foi uma live, em sua rede social, em que disse que provaria que as urnas seriam passíveis de fraude. A prova, porém, segundo o texto, jamais veio à tona.

Em outra ocasião, ele teria distorcido informações da Polícia Federal alegando, incorretamente, que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) havia reconhecido uma “invasão hacker as urnas”, o que não se provou verdadeiro. O documento cita ainda o caso da reunião com embaixadores, em que o ex-presidente manifestou desconfiança com o sistema eleitoral brasileiro.

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