Já ouviu falar da síndrome do pescoço de texto, o famoso “pescoço para frente”?

Você tem sentido dores no pescoço, ombros e braços? Essa dor pode ser um sinal de que você desenvolveu a síndrome do pescoço de texto. O “text neck” é um termo que tem sido usado para descrever a dor no pescoço relacionada à má postura adotada durante o uso do telefone celular, tablets e outros dispositivos eletrônicos portáteis, por longos períodos.

Um estudo recente mostrou que 79% da população entre 18 e 44 anos usa o celular a maior parte do tempo. Esse péssimo hábito altera a postura do pescoço que tende a ficar curvado para frente. O resultado são dores que podem afetar a coluna cervical, ombros, braços e mãos.

Segundo a fisioterapeuta Walkíria Brunetti, especialista em Educação Postural e Dores Crônicas, o “pescoço de texto” pode ser descrito como uma síndrome causada por um esforço repetitivo do pescoço em que a estrutura fica flexionada para frente e para baixo por períodos prolongados.

“A tecnologia faz parte do dia a dia das pessoas. A vida está, literalmente, na palma das mãos. Esse esforço da curvatura do pescoço para frente e para baixo pode ser observada no uso dos celulares, tablets, dispositivos portáteis para leitura e até mesmo em computadores. Essa postura pode causar prejuízos enormes para a coluna cervical”, comenta.

Dor que se espalha
O sintoma mais comum do “pescoço de texto” é dor muscular na região do pescoço e ombros, que pode irradiar para os braços e até para as mãos.

“Quando a pessoa não busca tratamento, podem surgir outras manifestações como dor de cabeça frequente, alterações na visão, redução da amplitude de movimento e deformidade na curvatura da coluna cervical, resultando numa hipercifose, a famosa corcunda”, aponta Walkíria.

A flexão da cabeça para a frente pode atingir vários graus. Quanto mais inclinada, maior será o peso suportado pela coluna cervical.

“Num ângulo de 60 graus, a cabeça pode pesar até 30 quilos. Essa questão é mais preocupante em crianças, já que suas cabeças são maiores em relação ao tamanho do corpo. Dessa forma, o público infantil tem um risco muito maior de desenvolver problemas musculoesqueléticos na região do pescoço e cervical”, alerta a especialista.

Pescoço de texto pode causar hérnia de disco
Quando não tratado, o ‘pescoço de texto’ pode levar à inflamação dos ligamentos do pescoço, irritação nervosa, deformidades na curvatura na coluna e até hérnia de disco na região cervical. Esse esforço repetitivo também pode acelerar o desenvolvimento da osteoartrose.

Olha o ombro
A postura inadequada no uso do celular pode ser descrita como aquela em a pessoa inclina a cabeça para frente e isso gera o desalinhamento dos ombros.

“A flexão para a frente faz com que o peso da cabeça pressione indevidamente as vértebras da parte inferior do pescoço, exigindo um trabalho contínuo dos músculos da parte superior das costas para compensar a força da gravidade”, explica Walkíria.

“Essa posição é muitas vezes acompanhada por ombros para a frente e uma parte superior das costas arredondada, que não só piora o problema do pescoço, mas também pode causar dor nos ombros e hipercifose (corcunda)”, acrescenta a especialista.

Existem algumas mudanças simples no estilo de vida que ajudam muito no alívio da dor muscular e no desconforto do pescoço de texto antes que a condição piore. Confira:
• Faça pausas frequentes durante o dia, a cada 20 minutos, principalmente àquelas que trabalham com computadores;
• Durante as pausas, procure trazer o pescoço para posição original;
• Gerencie e reduza o tempo gasto no celular e dispositivos portáteis;
• Para usar o celular numa postura mais adequada, procure sentar-se com os braços apoiados. Use almofadas ou outros dispositivos que ajudem a trazer o celular para a linha dos olhos, evitando assim a inclinação do pescoço para frente;
• Invista em atividades como o Pilates, Reeducação Postural Global (RPG) e técnicas da fisioterapia que melhoram a postura e dão maior consciência corporal;
• Realize alongamentos todos os dias na região cervical, mas com orientação de um fisioterapeuta;

“Como não podemos tirar o celular da nossa rotina, precisamos nos adaptar e buscar formas de proteger nossa saúde musculoesquelética. Quando a pessoa percebe que a dor no pescoço é constante, o ideal é procurar um especialista para uma avaliação. A fisioterapia focada na correção postural e na melhora da dor pode ajudar muito nesses casos”, finaliza Walkíria.

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