O documentário curta-metragem “Me Farei Ouvir”, produzido em 2019, será exibido gratuitamente e com exclusividade no Cine Brasília, na próxima quarta, 21, às 20h e posteriormente acontecerá uma roda de conversa. O filme aborda o impacto e urgência da paridade de gênero na política brasileira. A partir de personagens com perfis plurais, com experiência ou militância política, o documentário sai em defesa da promoção do feminino em ambientes de poder, principalmente, de mulheres negras que são o maior grupo demográfico do país, segundo o IBGE.
“Me Farei Ouvir” traz depoimentos inéditos da senadora Benedita da Silva; das deputadas federais Áurea Carolina, Luísa Canziani, Joênia Wapichana; da deputada estadual de São Paulo Erica Malunguinho; da cientista política e professora da UnB Flávia Biroli; da advogada eleitoral Gabriela Rollemberg; da ex-candidata e administradora Ilka Teodoro; da prefeita comunitária em Ceilândia Ivanete Oliveira; da ex-governadora do Distrito Federal Maria Abadia; e da ex-senadora Marta Suplicy.
Em 2020, com o objetivo de promover mais mulheres no espaço político, o projeto lançou a pesquisa qualitativa Perfil da Mulher na Política, estudo inédito e de abrangência nacional, desenvolvido em parceria com a ONG ElasNoPoder e realizada com mais de 4 mil mulheres. O projeto lançou ainda, o Manual da Mulher Candidata, material didático com o passo a passo burocrático de como se tornar uma candidata. As duas publicações estão disponíveis gratuitamente, em formato digital, nesta página.
Me Farei Ouvir
Com direção de Bianca Novais e de Flora Egécia, roteiro de Dandara Lima e trilha sonora original de Ellen Oléria e Paola Lappicy, o filme conta com uma equipe exclusivamente composta por mulheres. A sub-representação de mulheres também é vivida no audiovisual. Segundo a ANCINE – Agência Nacional do Cinema, em pesquisa publicada em 2018, dos filmes lançados em 2016, a direção por mulheres correspondia a apenas 20%. Considerando o recorte étnico-racial, nem 1% dos filmes produzidos naquele ano foram dirigidos por mulheres negras ou indígenas.
O set foi composto somente por mulheres, o que proporcionou um espaço de acolhimento e um facilitador às camadas mais íntimas das personagens, que puderam expressar fragilidade e força. No Brasil, 30 milhões de mulheres são chefes de família, segundo o IBGE. São, majoritariamente, mulheres pobres, negras e periféricas. A falta de representação e, consequentemente, políticas públicas voltadas para elas alimenta um ciclo vicioso de vulnerabilidade para as novas gerações – e isso gera impactos na vida de todas as pessoas, homens e mulheres. Diante desse contexto, o filme trata do grande obstáculo que o modelo político brasileiro produz ao dificultar o acesso de mulheres aos espaços de poder.
Para as realizadoras, ter mais mulheres que atuem em defesa dos seus direitos na política é o caminho para romper com a lógica colonial da raiz da nossa formação. Nas eleições municipais de 2020, somente 13% das candidaturas tinham participação feminina para a disputa do poder executivo municipal. Das 5.568 prefeituras de todo o país, somente 658 cidades brasileiras são comandadas por mulheres, desde 2021, segundo fonte da Agência Senado, e somente uma mulher negra foi eleita como prefeita no Brasil. O documentário quer provocar no expectador
o questionamento da baixa participação feminina na vida pública e nos espaços de poder. E, principalmente, da razão de mulheres negras, indígenas, PCD e LGBTQI+, não serem bem-vindas nos espaços de decisão.
Me Farei Ouvir é uma realização do Estúdio Cajuína, de Bianca Novais e Flora Egécia e da Pavio Criativo, de Barbara Rodarte e Dandara Lima.
Serviço:
Documentário Me Farei Ouvir
Local: Cine Brasília
Endereço: EQS 106/107, Brasília-DF
Data: 21 de setembro de 2022 (quarta-feira)
Horário: 20h
Entrada gratuita (ingressos de acordo com a lotação do local)
VEJA O TRAILER ABAIXO
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