Enquanto o mundo luta para garantir direitos e oferecer às mulheres mais dignidade, alguns caciques da política brasileira correm na contramão do tempo e da decência.
A ala de oito candidatas, aos cargos de deputada Distrital e Federal, do Partido Avante do DF teve seu direito, assegurado pela TSE – Tribunal Superior, sumariamente descumprido pela Executiva Nacional da legenda.
Certas que teriam amparo do partido para que concorressem às eleições com mais dignidade, as candidatas do partido se depararam com uma decisão arbitrária da cúpula da sigla. Faltando menos de 30 dias para a realização do pleito elas reclamam da “atitude ilegal” da Executiva.
A grita das candidatas se dá pelo descumprimento, por parte do Partido Avante, de uma decisão preferida pelo magistrado máximo eleitoral, que confirmou em maio do ano passado, por unanimidade, que os partidos políticos deveriam já para as Eleições 2018, reservar pelo menos 30% dos recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha conhecido como Fundo Eleitoral para financiar as campanhas de candidatas no período eleitoral.
Após o registro das candidaturas da sigla, a direção regional do Partido AVANTE, no Distrito Federal, informou que a executiva nacional decidiu não mandar nenhum recurso para os candidatos no DF, nem mesmo para as candidatas, contrariando o disposto na Legislação Eleitoral.
A decepção delas
As pleiteantes aos cargos eletivos do partido, no DF, sentem-se abandonadas e afirmam que estão sendo vítimas de mais uma injustiça contra as mulheres da legenda.
Inconformadas com a atitude da sigla, as candidatas foram de encontro ao deputado Luis Tibé, presidente nacional do Avante, para entregar um documento pedindo o envio dos recursos, porém sem sucesso. As signatárias, após horas de espera na porta do gabinete, que estava fechado, tiveram a liberdade de “empurrar” o documento porta a baixo.
Para Silene da Saúde, uma das candidatas de maior expressão dentro da legenda, no DF, “A participação feminina na política fortalece a democracia, criando uma sociedade mais plural e igualitária”.
Sentindo-se discriminada e levando seu grupo a lutar pelos seus direitos adquiridos, a candidata a deputada Distrital, Silene da Saúde, espera respeito e reconhecimento do partido com suas colegas de legenda. “Apesar de sermos maioria do eleitorado brasileiro, as mulheres ainda são minoria nos cargos eletivos. Foi para ampliar a nossa representatividade que me candidatei e vamos lutar para ter o meu direito e de minhas correligionárias candidatas, respeitado para que possamos concorrer de forma digna e para não haver tanto desequilíbrio no processo eleitoral. Notificar a Executiva Nacional do AVANTE, exigindo os recursos previstos para as candidatas foi um ato de posicionamento político e de cidadania”, afirma Silene da Saúde.
O desespero deles
Tal atitude deixa nas entrelinhas que a executiva do Distrito Federal, – composta em sua maioria por homens -, teme que ao liberar os recursos garantindo por lei para a ala feminina de candidatas, fique para trás e não obtenha êxito no pleito de outubro próximo, perdendo espaço para as nobres guerreiras da sigla.
“A Legislação Eleitoral garante no artigo 10, parágrafo 3°, da Lei das Eleições, recursos para candidaturas femininas. Entendemos que dessa forma a lei atual vem consertar anos de injustiça. Entende-se esta resolução como “um estímulo à participação feminina por meio da chamada ‘cota de gênero’ ”, diz umas das signatárias dos documentos, que preferiu não se identificar.
É a força da lei dando voz e vez às mulheres. É o medo dos grandes caciques do Avante vendo seus barcos naufragarem diante do brilho feminino.
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