O estímulo elétrico cerebral em idosos melhorou a memória a curto e a longo prazo em voluntários idosos, conforme experimentos realizados na Universidade de Boston, nos Estados Unidos. Para os pesquisadores, as descobertas, publicadas na Nature Neuroscience nesta segunda, 22, podem constituir a base de novos tratamentos menos invasivos e que não envolvem drogas para o Alzheimer.
Para chegar a essa conclusão, o estudo trabalhou com 150 pessoas com mais de 65 anos que receberam 20 minutos de estímulos diários, durante quatro dias, e ouviram uma série de palavras, das quais eram solicitadas a lembrar. Enquanto isso, através de “toucas” cranianas vestidas pelos participantes, os pesquisadores direcionaram correntes alternadas fracas para regiões específicas do cérebro.
Segundo os resultados, a memória de curto prazo, indicada pela lembrança imediata das palavras, melhorou 65% após os quatro dias e estava 40% melhor um mês depois, sem estímulo adicional.
Já a memória a longo prazo, que foi representada por lembrar da palavra minutos ou mais depois de ouvi-las, foi 50% melhor após quatro dias e 37,5% melhor um mês após o experimento, sem estimulação elétrica adicional.
Como o estudo foi feito?
O estudo foi feito com estimulação elétrica direcionada a duas regiões cerebrais: o córtex pré-frontal, que está associado à memória de longo prazo, e o córtex parietal, na parte de trás do cérebro, que está relacionado à memória de curto prazo. O grupo de controle foi submetido a um procedimento “simulado” ou placebo, no qual foi utilizada a mesma touca, mas sem estimulação elétrica.
Sem saber em qual grupo estavam, os participantes ouviram uma sequência de 20 palavras, sem conexão entre elas, lidas pelos pesquisadores. Eles examinaram a probabilidade de as pessoas reconhecerem as palavras ouvidas mais recentemente no final da lista (memória de curto prazo) ou no início da lista (memória de longo prazo).
Robert Reinhart, chefe do projeto, vê a estimulação elétrica cerebral como um possível tratamento para a perda de memória em idosos e, particularmente, em quem desenvolve Alzheimer. “Os idosos com mau funcionamento cognitivo geral que participaram do experimento foram os indivíduos que mostraram as maiores melhoras tanto durante a intervenção como no ponto de um mês”, disse ao Financial Times.
Para ele, os resultados são “bons presságios” para que a pesquisa seja transferida para um estudo clínico adequado, em pessoas com doença de Alzheimer que sofrem de deficiência de memória mais grave.
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