Você tem algum amigo com quem se deu bem de primeiro assim que se conheceram? Ou sabe de alguém que teve uma amizade “à primeira vista”? Além de personalidades, gostos e pensamentos parecidos, os cheiros parecidos entre duas pessoas podem influenciar para que elas virem amigas.
Isso é o que aponta uma pesquisa publicada na última sexta, 24, na revista científica Science Advances. O estudo realizado por cientistas israelenses indicou que cheiros de duas pessoas cuja amizade começou “instantaneamente” são mais parecidos entre si do que os odores corporais de desconhecidos.
Como o estudo foi feito?
A equipe de pesquisadores investigou amizades entre pessoas do mesmo sexo. Eles recrutaram duplas voluntárias através das redes sociais que confirmassem que viraram amigas de um jeito rápido e espontâneo.
Após entrevistas por telefone e aplicação de questionários, os pesquisadores convocaram 20 pessoas dos 235 voluntários, sendo 10 homens e 10 mulheres com idades entre 22 e 39 anos. Cada um deles precisou dormir duas noites com camisetas 100% algodão, tomando banho com sabonetes sem perfume e sem usar desodorantes ou perfumes.
Essa camiseta, após a primeira noite, foi colocada em uma sacola plástica bem fechada para não entrar em contato com outros objetos. Após a segunda noite, a roupa voltou para a sacola e foi entregue ao laboratório do Instituto Weizmann, localizado em Rehovot, em Israel.
Em seguida, com ajuda de um nariz eletrônico chamado eNose, que serve para captar e mapear diferentes moléculas de aroma, compararam os cheiros dos pares de amigos e, posteriormente, com outros odores.
Ao analisarem os dados obtidos, os cientistas observaram que, em média, os cheiros do par de amigos são mais semelhantes do que o de uma dupla cujo odor foi comparado aleatoriamente.
Testes adicionais para comparar os cheiros
Após o resultado obtido com o eNose, 24 voluntários compararam os cheiros das duplas de amigos com um terceiro cheiro humano aleatório sem saberem a quem cada um deles pertencia. Para isso, os participantes colocaram uma das narinas em uma cânula inserida na embalagem plástica das camisetas.
Por fim, um terceiro teste foi realizado, convocando mais algumas dezenas de voluntários que não se conheciam para participarem de um experimento que visava criar “amizades à primeira vista”. Os voluntários foram divididos em pares do mesmo sexo e participaram do “jogo do espelho”, em que, um de frente para o outro, imitavam os movimentos, sem conversar.
Depois, os participantes preenchiam um formulário respondendo se simpatizaram com o par logo de cara. Os que responderam que sim tinham cheiro corporal mais parecido com o da outra pessoa, confirmado tanto pelo eNose quanto pelos voluntários que “farejaram” os odores.
O que isso quer dizer na prática?
Os autores mostram evidências de que os humanos, assim como outros mamíferos terrestres, são capazes de sentir os odores corporais uns dos outros durante uma interação, mesmo que de forma inconsciente. Além disso, os humanos também são capazes de identificar estados emocionais através do cheiro.
Após o trabalho, os pesquisadores concluíram que os humanos podem, de fato, ser mais semelhantes a outros mamíferos terrestres. Além disso, eles alegam que os resultados do estudo podem servir como sugestões de abordagens baseadas no olfato para enfrentar problemas de interação social.
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