Passar horas em frente à TV pode ser prejudicial à qualidade do sono de idosos. É o que indica um estudo brasileiro desenvolvido na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), feito com dados de mais de 43 mil idosos participantes da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) e publicado em março deste ano.
Para o trabalho foram monitorados aspectos como tempo gasto assistindo à televisão, realizando atividades de lazer (como o uso de dispositivos móveis e de computadores) e tempo sedentário total (soma do tempo assistindo à televisão e atividades de lazer).
Aqueles que relataram passar mais de seis horas diárias assistindo à TV e mais de três horas em comportamento sedentário tiveram maiores chances de desenvolver problemas no sono. Segundo as autoras do estudo, os idosos que passam mais de três horas do dia sedentários têm 13% mais chances de desenvolver problemas no sono.
Televisão vs. dispositivos eletrônicos
Ainda de acordo com as autoras, apesar de ser uma atividade caracterizada como sedentária, usar dispositivos móveis ou computadores é menos danoso ao sono dos idosos do que o consumo excessivo de mídia televisiva.
“Acredita-se que a luz branca das telas de computador compreende toda a gama de luz de comprimento de onda curta (azul) e longa (vermelha), as quais não parecem suprimir a produção de melatonina se utilizadas durante o dia”, explica Núbia Carelli, coordenadora do Laboratório de Envelhecimento, Recursos e Reumatologia (LERER) da UFSC e coautora do artigo.
“No comportamento sedentário de lazer, devido ao uso de dispositivos móveis, deve haver o mesmo gasto energético de exercícios leves, pois o indivíduo pode se mover e se levantar com mais frequência do que quando está assistindo à televisão”, completa.
Para as pesquisadoras, o conhecimento da relação entre sono e sedentarismo em idosos é importante para a implementação de estratégias que reduzem o tempo sedentário, principalmente durante o cenário estabelecido pela pandemia de COVID-19.
“A questão do comportamento sedentário é uma área relativamente recente de estudos. O prévio interesse em observar os processos da senescência e o crescente aumento do número de idosos na nossa população motivou a realização do nosso trabalho”, comenta Núbia.
Evidências já demonstraram anteriormente que problemas de sono estão associados à depressão, ao declínio cognitivo, que pode influenciar no risco de demências como Alzheimer, e ao aumento do Índice de Massa Corporal (IMC).
“Com o envelhecimento, é comum a ocorrência de mudanças no padrão de sono, tais como o tempo, o sono fragmentado e a quantidade de sono não REM, fundamental para a restauração física e para a manutenção da qualidade de vida”, finaliza.
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