Imagine ter um lugar mega aconchegante para tirar uma soneca da tarde e, de repente, ser acordado por alguma perturbação. É uma sensação bem chata, não é? É quase assim que os bebês se sentem ao receberem o choque de realidade quando nascem.
O útero é um ambiente bastante agradável para os bebês, pois é onde eles ficam em contato integral com o corpo materno, com o sentimento de acolhimento.
Segundo a pediatra Lílian Cristina Moreira, a temperatura dentro do útero é ideal para os bebês, pois há uma penumbra e o som mais perceptível é o ritmo do coração da mãe. Além disso, o bebê está sempre recebendo água e nutrientes em proporções adequadas às suas necessidades.
Quando ocorre o seu nascimento, todo esse aconchego é desfeito e, por isso, o bebê fica mais irritado. Porém, é possível refazer um ambiente tão confortável quanto o útero para acalmá-lo.
O que é exterogestação
A pediatra Lílian Moreira explica que o termo exterogestação foi criado a partir de uma percepção de que, mesmo ao final de uma gestação de nove meses, os bebês nascem muito imaturos, com o cérebro ainda “incompleto”.
A exterogestação indica que a gestação deveria se prolongar por pelo menos mais três meses após o parto. Portanto, seguindo essa teoria, a gravidez dura nove meses intrauterina e mais três meses fora do útero. Por isso o termo “extero” que significa “fora”.
Como funciona a exterogestação
A exterogestação sugere que os pais criem um ambiente adequado para o recém-nascido, proporcionando o aconchego que o bebê sentia quando ainda estava no útero.
Pensando nisso, os pais devem simular um ambiente intrauterino nos primeiros meses de vida do bebê com objetivo de acolher e acalmar o recém-nascido.
Exterogestação na prática: dicas
Usar carregadores de bebê: eles ajudam a recriar o ambiente de dentro do útero, pois aumentam o contato com o corpo da mãe, permitindo que o bebê sinta seu calor, ouça os batimentos de seu coração, seja embalado pela respiração materna e se sinta mais seguro.
Deixar o banho mais atraente: para simular o ambiente uterino durante o banho pode-se usar um ‘ofurô’ ou ‘banho de balde’. “Em um local apertadinho, cercado de água morna, a criança experimenta sensações semelhantes às que tinha quando estava dentro da bolsa amniótica”, afirma a pediatra Lílian Moreira.
Sons e canções: quando o bebê estava dentro do útero, ele ouvia diversos sons suaves, repetitivos e rítmicos que indicavam a presença da mãe, como o som da respiração e do coração. Além disso, o recém-nascido também escutava a voz materna, mesmo que abafada. “Após o nascimento, músicas suaves e similares às que ele já estava acostumado e, especialmente, a voz da mãe, agradam o bebê, acolhendo e acalmando”, sugere a especialista.
Alimentação em livre demanda: de acordo com Lílian, o aleitamento sob livre demanda (sem horários, sempre que o bebê sentir fome) seria a expressão máxima da continuação da experiência intrauterina. “O aleitamento materno exclusivo simula a conexão do bebê com a mãe que acontecia através do cordão umbilical, que lhe fornecia uma fonte constante de nutrientes dia e noite”, explica a médica.
Além disso, a amamentação é extremamente importante para o bebê, pois além de ficar em contato íntimo com o corpo materno e se sentir seguro e acolhido, ele também recebe a mesma qualidade de nutrientes que recebia ao longo dos nove meses no útero. “Aos poucos podemos ir organizando os horários das mamadas, mas nos meses iniciais é fundamental que seja sob livre demanda”, pondera.
Fazer um pacotinho de pano com o bebê: assim o bebê se sente mais acolhido. O uso do sling é uma ótima opção. “Nos momentos em que não for possível usar o sling, recomenda-se que o bebê seja enrolado em mantas de forma a limitar seus movimentos para que ele fique ‘embrulhadinho’ e para simular o aconchego do ambiente uterino”, indica.
Diminuir a iluminação: não existia iluminação dentro do útero, por isso manter os ambientes na penumbra, evitando luz forte no rosto do bebê é essencial para a prática de exterogestação.
Respeitar o sono do bebê: “logo quando nasce, o bebê precisa de muitas horas de sono, já que no útero não havia ‘hora de dormir’. Por isso é preciso deixar que o bebê durma sempre que quiser. Depois, aos poucos, ele vai aprendendo a diferença entre dia e noite e vai regulando seus horários de sono”, completa a pediatra Lílian Cristina Moreira.
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