Estudiosos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) promoveram um tratamento em pessoa contaminada por coronavírus usando leite materno de uma doadora vacinada contra a doença. O paciente em questão tinha imunodeficiência, o que faz com que seu sistema imunológico seja incapaz de enfrentar o vírus e outros patógenos. O estudo foi divulgado em artigo em revista científica.
Segundo a pediatra Maria Marluce dos Santos Vilela, professora da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp e uma das autoras do artigo, essas medidas terapêuticas auxiliam bastante no tratamento de pacientes que não produzem anticorpos.
A pesquisadora explicou que o fato desse paciente não produzir anticorpos nem da classe IgG nem da classe IgA o deixa vulnerável a ser contaminado várias vezes e até mesmo de ter infecção crônica ou prolongada, como ocorreu neste caso com o vírus da Covid-19. O artigo indicou que o paciente ficou mais de 120 dias com o vírus ativo em seu corpo.
“Ajudamos a acabar com o vírus SARS-CoV-2 fazendo a reposição dos anticorpos que ele não produzia, através da transfusão de plasma humano de convalescente de coronavírus [transfusão de anticorpos de pessoas já curadas] e depois oferecemos leite de mãe vacinada para Covid-19, que é muito rico em IgA específico para a doença”, contou.
Primeiramente, houve a transfusão do plasma humano, promovendo a melhora dos sintomas e a diminuição de marcadores inflamatórios no sangue. Porém, exames ainda detectavam infecção por Covid-19 mesmo após 15 dias. Além disso, o paciente apresentava sintomas leves.
Com esse cenário, os pesquisadores resolveram fazer a experiência de reposição de IgA por meio do leite materno de uma doadora vacinada contra o SARS-CoV-2. Depois do término do tratamento, o teste para Covid-19 deu negativo após uma semana.
Diante dos resultados, foi concluído que os anticorpos secretados por IgA e IgG presentes no leite materno podem ser úteis para tratar a infecção persistente por SARS-CoV-2 em pacientes imunodeficientes.
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