Metade das pessoas contaminadas por Covid-19 tem sequelas que podem perdurar por mais de um ano, aponta pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Minas. Pesquisadores da instituição encontraram 23 sintomas depois do fim da infecção aguda. Cansaço extremo, insônia e dificuldade em fazer atividades rotineiras são algumas das reclamações relatadas por pacientes.
Os resultados da pesquisa foram divulgados na revista Transactions of The Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene. O estudo acompanhou durante 14 meses, 646 pacientes que tiveram a doença em 2020 e 2021 e verificou que 324 deles (50,2%) apresentaram sintomas pós-infecção, caracterizando o que a Organização Mundial de Saúde (OMS) chama de Covid longa.
A fadiga foi queixa de 115 pessoas, ou seja, 35,6% dos pacientes acompanhados. Outras sequelas relatadas foram tosse persistente (34%), dificuldade para respirar (26,5%), perda do olfato ou paladar (20,1%), dores de cabeça frequentes (17,3%) e trombose (6,2%). Além disso, também foram apontados transtornos como insônia, relatada por 8% dos pacientes monitorados, ansiedade (7,1%) e tontura (5,6%).
A pesquisadora Rafaella Fortini alega que os sintomas observados tiveram início depois da fase de infecção aguda. Grande parte dos sintomas duraram 14 meses, com algumas exceções, como a trombose, da qual os pacientes se recuperaram em um período de cinco meses, diante de tratamentos médicos adequados.
Os dados indicaram que sete comorbidades, como hipertensão arterial crônica, diabetes, cardiopatias, câncer, doença pulmonar obstrutiva crônica, doença renal crônica e tabagismo ou alcoolismo, promoveram uma infecção aguda mais grave e aumentaram os riscos de sequelas.
As sequelas foram observadas naqueles que tiveram desde a forma mais leve ou assintomática até a mais grave de coronavírus. Na forma grave, de um total de 260 pacientes, 86, ou seja, 33,1%, tiveram sintomas duradouros. Entre os 57 diagnosticados com a forma moderada da doença, 43, isto é, 75,4%, apresentaram sequelas e, dos 329 pacientes com a forma leve, 198 (59,3%) manifestaram sintomas meses após o término da infecção aguda.
O estudo coletou dados de pessoas atendidas no pronto-socorro do Hospital da Baleia e Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro, ambos referência para tratamento de Covid-19 em Belo Horizonte. Os pacientes procuraram atendimento entre abril de 2020 e março de 2021.
Do total de 646 pacientes, somente cindo tinha recebido vacina e, destes, três tiveram a Covid longa. A idade dos participantes oscilou entre 18 e 91 anos; sendo que 53,9% eram do sexo feminino.
O monitoramento dos sintomas e sequelas remanescentes ocorreu por meio de entrevistas feitas mensal, presencial ou virtualmente, no decorrer de 14 meses após diagnóstico confirmatório, no período equivalente entre março de 2020 a novembro de 2021.
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