O Distrito Federal apresentou no primeiro trimestre de 2022 mais casos de dengue do que em todo o ano de 2021, informou o Ministério da Saúde. Segundo o Boletim Epidemiológico da Secretaria de Saúde, até o dia 9 de abril, a Capital Federal somava 26.813 novos casos da doença, o que representa um crescimento de 548% em relação ao mesmo período do ano anterior. A Saúde prevê que o pico dos diagnósticos de contaminação ocorra neste mês de maio.
As intensas chuvas entre o fim de 2021 e o começo de 2022 contribuíram para o número alarmante de pessoas infectadas pelo vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. As regiões administrativas com maior incidência da doença são Planaltina, Sobradinho, Paranoá, São Sebastião, Ceilândia e Brazlândia.
O aumento de casos de dengue deu-se ainda pela falta de campanhas, por parte dos governos, para alertar a população acerca do perigo da doenças e medidas de profilaxia para evitar a proliferação dos focos do mosquito transmissor.
A Saúde destaca que o cenário atual gerou superlotação nos centros de saúde do DF, com isso, foram montadas algumas tendas nas Unidades Básicas de Saúde para realizarem medicação e hidratação dos pacientes com a doença. Já são tantos os casos de dengue por todo o Distrito Federal que começa a faltar testes rápidos de detecção da doença.
A enfermeira Laurilene Alves ressalta que a taxa de pacientes com dengue no pronto-socorro em que trabalha chegou a ultrapassar os registros de casos de Covid-19 em certos períodos. “Esse ano, o número de entrada de pessoas com dengue nos hospitais aumentou de uma forma crítica. Em alguns plantões, tínhamos mais diagnósticos de dengue em comparativo com outras doenças. É indicada a internação hospitalar de pacientes com quadros extremos, com sinais alarmantes como desidratação, sangramento das mucosas, baixa das plaquetas e outro sinais que possam evoluir para uma dengue hemorrágica”.
Ainda enfrentando casos de Covid-19, o DF também contou com registros isolados de dupla contaminação por coronavírus e dengue. “Em alguns casos, há semelhanças entre os sintomas iniciais de ambas as doenças. Mas, realizamos todos os exames necessários para confirmar o diagnóstico verídico. Infelizmente, alguns pacientes são contaminados duplamente e por isso, o tratamento requer mais cuidado e atenção. Dependendo do estado clínico do paciente, é preciso que haja a sua internação para evitar evolução do quadro e rápidas complicações”, completa a enfermeira.
A Secretaria de Saúde reitera que para combater a disseminação da doença é preciso que a população se proteja, fiscalize e denuncie locais onde pode haver a propagação do Aedes aegypti.
Marcos Matos, professor de Educação Física, foi diagnosticado com dengue em abril e afirma que a falta de atitudes preventivas das comunidades também é prejudicial. “Uma senhora que mora na minha rua foi denunciada pelo acúmulo de lixo no seu quintal e agentes da Vigilância Sanitária fiscalizaram sua casa. Essa falta de cuidado da população colabora para o crescimento da doença”. Segundo ele, a diminuição de campanhas sobre o assunto também pode ter sido um fator importante no crescimento da doença. “Desde 2020, as notícias da mídia eram focadas somente no Covid-19, então na minha opinião as campanhas sobre outras doenças ficaram em segundo plano. A vacinação da gripe, por exemplo, foi pouco divulgada no ano passado e muitos não se imunizaram”.
Embora o índice de dengue na Capital Federal esteja expressivo, o número de mortos não é preocupante, de acordo com o governador Ibaneis Rocha. Até o dia 27 de abril, apenas uma pessoa havia falecido por complicações da doença.
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