A areia feita por meio do reaproveitamento do rejeito de minério de ferro nas minerações da Vale em Itabira (MG) pode ser usada no revestimento de estradas, trazendo benefícios ambientais e econômicos para o Brasil. A empresa, em parceria com a Universidade Federal de Itajubá (Unifei) do campus Itabira, promoveu um estudo nos últimos cinco anos que obteve esse resultado.
A pesquisa apresentou o potencial da areia sustentável em pavimentos rodoviários. A conclusão dos testes, realizados em laboratório, indicaram crescimento de mais de 50% da vida útil da estrada e diminuição de cerca de 20% dos gastos com os serviços, em comparativo com a utilização de materiais tradicionais.
Além disso, a areia sustentável também traz benefícios na segurança das operações da empresa, pois atenua a disposição dos rejeitos em barragens, e é uma opção alternativa ao uso de areia natural, segundo recurso mais explorado mundialmente, depois da água.
Os estudiosos pretendem confirmar se é possível aderir o uso de areia sustentável na pavimentação rodoviária, por meio da observação de uma pista experimental, construída em área operacional da Mina Cauê, em Itabira.
Os dados serão monitorados durante dois anos pela Unifei do campus Itabira e pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), além de serem compartilhadas com o Instituto de Pesquisas em Transporte (IPR) do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), com objetivo de desenvolver um acervo técnico e normatizar o método.
Investimentos
A Vale está investindo na iniciativa mais de R$ 7 milhões.
“Promovemos a economia circular nas operações, reaproveitando um material que seria descartado em pilhas e barragens. Cada quilômetro de rodovia pode usar até 7 mil toneladas do rejeito gerado na produção do minério de ferro.”, disse a gerente da Vale, Marina Dumont.
A responsável técnica pela pesquisa, engenheira Laís Resende, da Vale, explicou que a areia tem como função reduzir o consumo de cimento e cal, além de também diminuir em até 6% o uso de cimento asfáltico de petróleo (CAP), um dos insumos mais caros nesse tipo de obra.
A corporação também avalia a possibilidade de aplicação da areia sustentável em pavimentação vicinal (estradas rurais), que estão recebendo financiamento de aproximadamente R$ 1,6 milhão, e em pavimentação ferroviária, cujo valor está em torno de R$ 6 milhões.
Sustentabilidade
A Vale solicitou um pedido de patente no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) para uma tecnologia que usa a areia sustentável na produção de revestimento de asfaltos. O produto apresenta qualidade comercial, buscando ser ferramenta no mercado da construção civil a partir de adequações na operação de minério de ferro no estado de Minas. O material arenoso era posto em pilhas e barragens, mas gora é processado e transformado em insumo, passando pelos méis tratamento de qualidade de produção de minério de ferro.
Em 2021, foram processadas cerca de 250 mil toneladas de areia sustentável. Para este ano, é estimado que haja o processamento de cerca de 1 milhão de toneladas de areia.
O intuito da empresa é promover a sustentabilidade nas operações de minério de ferro, diminuindo os impactos ambientais, além de buscar o fomento de emprego e renda por meio da geração de novos negócios.
A Vale informa que a areia sustentável é um produto 100% legal, com alto teor de sílica e baixo teor de ferro, além de alta uniformidade química e granulométrica. Esse novo material pode ser destinado a concretos, argamassas, pré-fabricados, artefatos, cimento e pavimentação rodoviária e vicinal.
Redução de barragens
Também foi destacada, entre outras iniciativas para recuar o nível de uso de barragens, a construção de quatro plantas de filtragem de rejeitos que serão primordiais na produção da areia. As duas plantas inauguradas no início do ano, nas usinas de Cauê e Conceição, terão capacidade para maximizar a produção da areia sustentável em Itabira, já que diminuem a quantidade de água do rejeito, viabilizando tanto o empilhamento a seco do material, quanto a atenção do mercado econômico.
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