Você já teve uma crise de ansiedade ou sentiu verdadeira repulsa só de se imaginar em uma gestação? Esses sintomas podem estar vinculados à tocofobia, termo utilizado para descrever o medo patológico de engravidar e/ou de realizar um parto. Esse medo impacta diretamente no estado psicológico, biológico e até social de quem o possui, e pode surgir a partir de experiências traumáticas vivenciadas pela própria pessoa ou por alguém próximo.
“Embora o parto e a gravidez sejam processos inteiramente biológicos, muitas mulheres os relacionam a dor, sofrimento e a uma ampla gama de medos”, explica Giuliana Carvalho, psicóloga clínica da Telavita.
A tocofobia pode se manifestar em momentos diferentes da vida e, por isso, é dividida em dois tipos: a primária, desenvolvida antes de engravidar, geralmente ainda na adolescência; e a secundária, que geralmente surge após alguma experiência relacionada a gravidez, como aborto espontâneo, parto prematuro ou violência obstétrica.
Baixa autoestima, abuso sexual, predisposição a transtornos de ansiedade, rede de apoio precária e relatos de partos mal sucedidos de familiares ou conhecidos também podem contribuir para o desenvolvimento desta fobia.
A psicóloga Vanessa Gebrim alega que até mesmo alguma experiência quando a pessoa ainda estava no útero da mãe pode ser um fator desencadeador da tocofobia.
Essa fobia também afeta diretamente as relações interpessoais. O medo de uma possível gestação pode ser tão intenso a ponto da pessoa se privar de ter uma vida íntima ativa, se afastando de possíveis relações afetivas e sexuais.
Ainda que a tocofobia esteja intimamente ligada ao útero e o universo feminino, ela também pode atingir os homens, com incidência bem menor, os mesmo sintomas e motivada por medo e insegurança.
Em ambos os casos, a profilaxia é realizada com psicoterapia, com intuito de descobrir o gatilho para o medo e tratá-lo. Dependendo do caso, também será necessária ajuda psiquiátrica.
Tocofobia X Não querer ter filhos
A principal diferença entre tocofobia e não querer ter filhos é a possibilidade de escolha. Quem tem tocofobia pode, sim, ter vontade de ser mãe, mas são barradas pelo medo. “Algumas têm o desejo, mas tem muito medo, por crenças como: não vou dar conta, vou educar errado, ou vou repetir comportamentos inadequados de meus pais”, explica Gebrim.
Não querer ter filhos não é um problema e está tudo bem não se identificar com a maternidade ou preferir priorizar outros sonhos e áreas da vida. O maior infortúnio está, na verdade, na pressão social e psicológica de que “toda mulher nasceu para ser mãe”. Essa “obrigação” pode, inclusive, provocar e/ou potencializar os sintomas da tocofobia.
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