Nas últimas semanas, a influenciadora Flávia Pavanelli surpreendeu seus seguidores ao aparecer com os lábios mais naturais após a retirada do preenchimento labial com ácido hialurônico. Em 2020, ela também passou por um tratamento para retirar a micropigmentação que tinha nas sobrancelhas. “Como profissional, defendo a beleza natural e no consultório incentivo a busca por procedimentos que preservam suas características principais, exaltando o que temos de mais bonito”, explica a biomédica pós-graduada em Saúde Estética, Ana Clara Brathwaite.
Segundo a profissional, de um tempo para cá, a harmonização facial ficou padronizada e até os famosos começaram a ficar com a mesma aparência, o que acaba preocupando as pessoas que buscam tratamentos. “É claro que na estética tem de tudo e sempre vai haver, mas acredito que existe uma tendência maior pela naturalidade. Todo mundo quer estar bem, quer ressaltar sua beleza e rejuvenescer mantendo as características pessoais, sem exageros. Por isso, algumas pessoas têm se arrependido do preenchimento e buscado reverter os efeitos”, afirma Ana Clara.
Nos lábios, por exemplo, que são uma região de muito movimento, a profissional não indica aplicações de mais de uma seringa (1ml) por vez. Ela defende que se faça aplicações progressivas, se necessário, mas nunca exagerar. “Procurando um profissional de confiança e com formação em anatomia, ele saberá recomendar a quantidade correta para a sua queixa sem exageros. Mesmo sendo o ácido hialurônico, que é biocompatível, pode haver complicações se a quantidade for exagerada, como os ETIPs (Edemas Tardios Intermitentes e Persistentes)”, alerta a biomédica.
Hialuronidase: enzima é aplicada para anular os efeitos do ácido hialurônico
O procedimento para tirar os efeitos do preenchimento é aplicado com anestesia para que fique mais confortável para o paciente, mas não é completamente indolor porque a ação da enzima para degradar ácido hialurônico pode causar ardência. A substância pode causar alergia, então o profissional precisa de conhecimento técnico e realizar um teste antes de realizar as aplicações.
“O procedimento causa inchaço na pele porque, além de ser injetável, a enzima é dissolvida em soro fisiológico, então o paciente incha, principalmente porque tudo o que fazemos na região dos lábios acaba inchando. Mas a pele se recupera bem em uma semana. Os cuidados pós-sessão são os mesmos do preenchimento: 24h sem atividade física, aplicar gelo no local, não mexer e nem massagear a região e, em caso de roxidão, ter cuidado com a exposição ao sol”, pontua Ana Clara.
Alerta para o uso de PMMA e hidrogel
A aplicação da hialuronidase só tem efeito reversível para preenchimentos com ácido hialurônico. No caso de preenchedores permanentes, como PMMA ou hidrogel, sua remoção só acontece com cirurgia. O ácido hialurônico ou a hidroxiapatita de cálcio são materiais biocompatíveis e absorvíveis pelo corpo. Já no caso do PMMA ou do hidrogel, o organismo pode rejeitar o produto e reagir contra aquele material tentando expulsá-lo do corpo, o que acontece principalmente quando aplicado em grande quantidade.
Segundo Ana Clara, o paciente pode estar super bem com o preenchimento permanente há anos e aí por causa da baixa de imunidade, um problema de saúde ou em função de outro procedimento estético, esse preenchimento pode ser rejeitado. Além disso, ele pode migrar causando uma embolia ou outra coisa perigosa quando “entope” algum vaso sanguíneo, piorando a circulação.
“Considero esse preenchimento uma bomba relógio. É extremamente perigoso até porque sua remoção se dá apenas de maneira cirúrgica e, nem sempre essa cirurgia é garantia de retirada de todo o material do corpo. Pode haver algum resquício de material em outros locais e, por isso, não aconselho o uso de preenchedores definitivos, mas apenas dos semipermanentes que são absorvíveis pelo corpo”, finaliza Ana Clara.
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