A invasão da Ucrânia por tropas russas pode gerar impactos econômicos negativos a mais de 10 mil quilômetros de distância. O Brasil pode sentir as consequências do conflito por meio de pelo menos três canais: combustíveis, alimentos e câmbio. A instabilidade no Leste europeu vai impactar a inflação e também gerar aumentos adicionais nos juros, dificultando o progresso da economia para este ano ao reduzir o espaço para a melhoria dos preços e do consumo.
Segundo a pesquisa Sondagem da América Latina, divulgada nesta semana pela Fundação Getulio Vargas (FGV), as tensões na Ucrânia devem intensificar as incertezas que rondam a economia global nos últimos meses. No Brasil, os reflexos podem ser mais expressivos, já que um dos motivos é a maior exposição aos fluxos financeiros globais em comparativo com os outros países latinos, com o dólar subindo e a bolsa caindo mais que na média do continente.
O levantamento reuniu a opinião de 160 especialistas em 15 países, e constatou a deterioração do clima econômico. Na média do Brasil, o Índice de Clima Econômico reduziu 2,8 pontos, de 63,4 para 60,6 pontos, e apresentou a menor pontuação entre os países selecionados.
A maior parte da baixa atual está atrelada ao Índice de Situação Atual, um dos componentes do indicador, que reflete o acirramento das tensões internacionais e a elevação do preço do petróleo no início deste ano. O outro componente, o Índice de Expectativas, continuou progredindo na América Latina e no Brasil, mas a própria FGV alerta que o indicador que prevê a situação futura também pode deteriorar-se caso as tensões entre Rússia e Ucrânia não forem encerradas.
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