Por Gercy Joaquim Camelo*
A corrida a que me refiro neste texto, não é a dos países africanos, onde estamos acostumados a ver muita miséria, é exatamente no nosso País. Há muito tempo que temos notícias de um número expressivo de brasileiros vivendo na extrema pobreza, especialmente nas regiões do norte e nordeste do Brasil. Apesar dos efeitos maléficos que a fome causa ao ser humano, as autoridades e a própria sociedade pouco tem se ligado e combatido esse grave problema social. Para agravar mais ainda a situação, fomos surpreendidos e encurralados pelo covid-19, que tanto mal tem feito pessoas em todo o território nacional.
É do nosso conhecimento que o mundo passa por severas crises, uns países mais e outros menos, mas que acaba por comprometer a todos, tendo em vista vivermos no mundo globalizado, onde pouco importamos com o próximo. Enquanto milhões de criaturas humanas passam fome e morrem sem ter o que comer, países gastam fortunas se preparando para guerras que nem sempre acontecem. A vida, o bem mais precioso que temos, está sendo banalizada e vendida por qualquer preço, numa demonstração cabal de que os bens materiais estão tendo melhor cotação do que a vida no mercado dos negócios.
Temos presenciado nos últimos dias a corrida contra a fome em diversos lugares do Brasil, famílias inteiras disputando o direito de procurar restos de comida e de gêneros alimentícios nas caçambas de lixos das cidades. Não merecemos passar por isso, somos uma Nação rica, temos terras agricultáveis, água em abundância e um povo trabalhador. Precisamos distribuir melhor as riquezas do país, evitarmos os desperdícios, varrer a corrupção, os corruptos e propiciar melhores condições de trabalho para todos. O governo está se esforçando, tentando fazer a sua parte, mas alguns brasileiros e o mundo dos negócios reclamam, as bolsas caem, o dólar sobe e os congressistas ficam brigando entre si, por conta do corte de teto, nenhum deles está passando fome.
O auxílio de emergência não é para quem não precisa, é para quem está passando necessidade, não tem dinheiro e nem emprego. Vamos deixar as pessoas morrem de fome para dar satisfação ao mercado ou qualquer outra coisa? Claro que não, a proteção à vida está acima de todos. Se o problema é a legislação que não permite, para que servem os representantes do povo? Esses podem suprimir, modificar e fazer novas leis, caso a situação assim o exigir. Os parlamentares têm que se conscientizar que estão no parlamento à serviço do povo. Não é tolerável que, pacificamente, assistimos irmãos recolhendo restos de comida no lixo para sobreviverem. É desumano e muita maldade, algo precisa ser feito, com urgência.
*Gercy Joaquim Camelo é Governador 2012-13, associado do Rotary Club de Goiânia Flamboyant – Distrito 4530 de Rotary International. Coronel da Reserva Remunerada da Polícia Militar de Goiás.
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